Violência sexual contra crianças e adolescentes dispara no DF, diz MP

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    Brasília atingiu dados alarmantes de casos de violência sexual contra crianças e adolescentes. Levantamento do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) aponta que 1.699 novos casos de estupro de vulnerável foram registrados em 2018. O número representa um crescimento de 30,6% em relação ao ano anterior, quando 1.301 menores até 14 anos sofreram algum tipo de abuso. As cidades com maior ocorrência são Ceilândia e Samambaia, com 137 e 121 ocorrências, respectivamente.

    Durante os 12 meses do ano passado, do total de estupros registrados no DF, cerca de 25% foram cometidos contra crianças e adolescentes. Os dados fazem parte de levantamento realizado pela Corregedoria do MPDFT.

    Os números foram apresentados na véspera do Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual Infantil, lembrado neste sábado (18/05/2019).  Para a coordenadora do Núcleo de Enfrentamento à Violência e à Exploração Sexual contra a Criança e o Adolescente (Nevesca) do MPDFT, promotora de Justiça Mariana Nunes, é preciso fortalecer a rede de proteção, implementar políticas públicas e promover campanhas educativas visando à conscientização da população e da família para a proteção integral das crianças e adolescentes.

    Ela ressalta que pode haver uma dificuldade de identificação do abuso infantil, já que, normalmente, ele acontece dentro de uma relação de confiança: “As estatísticas demonstram que, na maioria dos casos, as crianças e os adolescentes são vítimas de crimes contra a dignidade sexual praticados por aqueles que têm a obrigação de protegê-los, isto é, por seus pais, padrastos, tios e irmãos”, explica a promotora.

    Brazlândia
    O levantamento da Corregedoria do MPDFT mostra, ainda, que de todos os feitos recebidos pelo órgão órgão no mesmo período e que envolveram crimes contra a dignidade sexual, maus-tratos e importunação ofensiva ao pudor, Brazlândia foi a região com a maior proporção de casos praticados contra crianças e adolescentes. Dos 143 episódios registrados, 77 deles, ou seja, 53,8% foram cometidos contra menores. Guará e Núcleo Bandeirante foram as únicas cidades onde não ocorreram esse tipo de caso.

    Atuação do MPDFT e da Secretaria de Saúde
    Além da atuação judicial, o MPDFT conta com o Nevesca, que atua na formulação e na implementação de políticas públicas para conscientização sobre os efeitos negativos da violência contra a criança e o adolescente e no reconhecimento dos seus direitos e garantias. Cabe ao núcleo, por exemplo, propor e executar políticas institucionais relacionadas ao tema, articulando novas formas de abordagem para o enfrentamento do problema.

    Outro exemplo de atuação extrajudicial é o projeto “Adolescente Aprendiz”, que tem como objetivo resgatar jovens em situação de risco e vulnerabilidade social, incluindo aqueles que vivenciaram situação de assédio. Além da carteira assinada, os adolescentes recebem um salário-mínimo para realizar trabalhos técnicos na área de informática, comunicação e atendimento. A cada dois meses, eles passam por uma avaliação, não apenas profissional, mas de seus projetos de vida.

    A Secretaria de Saúde também se manifestou quanto ao Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual Infantil. Segundo a pasta, toda a rede está apta a identificar, acolher, notificar e atender as pessoas em situação de violência sexual. Mas é nos Programas de Pesquisa, Assistência e Vigilância da Violência (PAV) onde este atendimento é mais personalizado.

    “Nos PAVs, priorizamos o acolhimento e atendimento dos casos de violência sexual. O foco do atendimento são as crianças e adolescentes e seus familiares. Temos duas equipes especializadas no atendimento dos autores de violência sexual adolescentes (PAV Jasmim) e adultos (PAV Alecrim)”, afirma a psicóloga e gerente de Vigilância de Doenças e Agravos não Transmissíveis e Promoção da Saúde, Fernanda Falcomer.

    Confira as instruções do MPDFT sobre como agir em caso de violência contra crianças e adolescentes:

    Se vocêr suspeitar ou conhecer alguma criança ou adolescente que esteja sofrendo violência, a denúncia deve ser feita para qualquer uma dessas instituições:
    • Conselho Tutelar;
    • Centro Integrado 18 de maio;
    • Delegacia especializada (DPCA) ou demais delegacias de polícia;
    • Ouvidoria do MPDFT;
    • Disque 100 para denúncia por telefone (canal gratuito e anônimo);
    • Polícia Federal para crimes internacionais e interestaduais;
    • Polícia Rodoviária Federal para crimes nas rodovias federais.

    18 de Maio
    A data foi escolhida como o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes em memória de Araceli Sanches. Em 1973, a menina, então com 8 anos, foi raptada, dopada e violentada. Depois de morta, teve o corpo carbonizado. O crime ocorreu em Vitória (ES). Apesar da natureza hedionda, o crime prescreveu sem que houvesse punição aos culpados. A data foi instituída em 2000.

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