A brasiliense Isabela Vitória Grangeiro Rovere tem menos de dois meses de vida, mas já ensinou lições de superação que ela própria só vai entender num futuro distante. O segundo nome de Isabela não é por acaso. Foi uma homenagem feita pelos pais para representar a batalha que a pequenina travou pela vida.
Grávida de 17 semanas, a mãe de Isabela, Antonia Amélia Costa Grangeiro Rovere, 36 anos, fez um ultrassom para saber o sexo do feto porque queria fazer um chá revelação. No entanto, o que era para ser um exame de rotina do pré-natal se transformou no início de um diagnóstico doloroso.
O exame acusou uma mancha no rim. O diagnóstico: uma hérnia diafragmática, que estava impedindo o desenvolvimento sadio do feto. A hérnia diafragmática é um problema de formação fetal sério e bastante raro, que costuma provocar a morte do bebê nas primeiras horas depois do nascimento. Em casos assim, o recomendado é uma cirurgia intra-uterina para a instalação de um balão que permite o desenvolvimento dos órgãos. O procedimento aumenta as chances de sobrevivência de 10% para 70%.
“Somente casos muito graves são elegíveis para cirurgia fetal porque o procedimento implica em riscos para a mãe e o bebê”, relata o ginecologista obstetra do Centro de Medicina Fetal (Cemefe), Matheus Beleza, também responsável pelo acompanhamento da gestante.
Antonia e Carlos – os pais de Isabela, decidiram que tentariam a cirurgia intrauterina. A operação para a colocação do balão na bebê foi realizada de forma inédita em Brasília, no Hospital Santa Luzia, em 04/02/2019. Na época, Antonia estava com 27 semanas – ou seja, cerca de seis meses de gestação. Carlos relembra com carinho a coragem da esposa: “Ela nunca tinha tomado nem anestesia no dentista. Tinha um medo enorme de hospital mas, desde que recebemos o diagnóstico, ela topou tudo sem hesitar”, conta.
A previsão era que com 34 semanas – quase oito meses – Antonia e a filha passassem por uma nova cirurgia. Desta vez, para a retirada do balão de dentro do corpo de Isabela. No entanto, com 32 semanas, a bolsa rompeu, provocando o risco de um parto prematuro. A mãe, então, ficou duas semanas de repouso absoluto para postergar o parto.
Quando nasceu, ainda prematura, a bebê foi imediatamente submetida a uma segunda cirurgia para a retirada do balão. Em seguida, os médicos a entubaram e a levaram para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Depois de alguns dias, a recém-nascida passou por nova cirurgia, agora para corrigir a hérnia diafragmática.
Por conta das altas despesas médicas, Carlos, que é servidor do Banco do Brasil na área de tecnologia, e sua esposa, advogada, preferiram poupar em vez de comprar o enxoval completo da bebê. Aos poucos, com grande alegria, os pais estão adquirindo os itens que faltavam – como berço, cadeira e almofada de amamentação. “Quando surgiu o problema, ficamos com medo do plano não cobrir, então focamos na saúde delas”, recorda o pai.
A bebê Isabela já enfrentou 3 cirurgias: a 1ª, na barriga da mãe
A bebê Isabela já enfrentou 3 cirurgias: a 1ª, na barriga da mãe
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A história de Isabela Vitória ensina sobre superação
A equipe do hospital Santa Luzia com a bebê
Isabela Vitória ficou 39 dias na UTI
O médico Matheus Beleza com a paciente
Os pais dizem que a bebê é bem sorridente
O registro do primeiro banho de Isabela
Ao todo, Isabela passou 43 dias internada no Santa Luzia, sendo 39 na UTI. O pai conta que durante todo o período, os médicos ficaram impressionados com a recuperação da bebê. Em casa desde a quarta-feira (24/04/2019) da semana passada, a família agora vive a adaptação normal de qualquer recém-nascido. “Trazer ela para casa foi uma experiência indescritível depois de tudo que passamos”, conta a mãe Antonia. As noites estão mais puxadas, mas nada que desanime a família perante a alegria de ter a menina nos braços.
Por conta do quadro imunológico ainda frágil, os três não podem receber visitas pelos próximos três meses. No entanto, a primeira saída de Isabela aconteceu na sexta-feira (03/05/2019), para a consulta ao pediatra. Atualmente, ela está pesando 2,5 kg.
