
“A Morte do Diplomata – Um Mistério Arquivado pela Ditadura”, novo livro-reportagem do jornalista Eumano Silva, desbrava memórias dos tempos do regime militar para elucidar os segredos em torno de um caso de polícia em Haia, na Holanda, ocorrido em 1970. Publicada pela Tema Editorial, a obra será lançada nesta quinta-feira (3/8), a partir das 19h, no restaurante Carpe Diem.
Veterano de redações e habilidoso com documentos sigilosos da ditadura, o mineiro radicado em Brasília tenta entender como seu conterrâneo Paulo Dionísio de Vasconcelos, jovem promissor a serviço do Itamaraty, foi encontrado morto dentro de um carro em Haia, na Holanda.
As próprias circunstâncias misteriosas da morte – Vasconcelos completaria 35 anos, tinha uma filha de 2 e sua mulher estava prestes a ter mais uma menina – estimularam Silva a escrever um livro que se equilibrasse entre a rigorosa apuração histórica e jornalística e os atrativos de um romance policial.
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André Dusek/Divulgação
Mistérios diplomáticos na ditadura
“Meu livro trabalha com um mistério complicadíssimo”, diz Silva, de 53 anos. “Não consegui imaginar outro jeito de escrever que não fosse algo próximo do livro policial. Mas tentei não forçar a barra, para que a narrativa fosse a mais natural possível”.
Do rico acervo do Itamaraty ao diário de Vasconcelos, documento precioso na estruturação da obra, o jornalista também mergulhou nos arquivos da família, em jornais da época (brasileiros e internacionais) e em entrevistas realizadas no Brasil e na Europa.
Silva, além de ter trabalhado intensamente em redações de jornal, ora repórter (“Estadão”, “Folha”, “Veja”), ora editor (“Correio Braziliense”, “Época”, “IstoÉ”, “Veja Brasília”), nutre interesse duradouro em arquivos da ditadura militar.
Tanto que o mineiro conheceu a história de Vasconcelos em 2012, quando colaborou como pesquisador da Unesco para a Comissão Nacional da Verdade. Antes de deixar o jornalismo diário e semanal para se dedicar à investigação que resultou em “A Morte do Diplomata”, Silva ganhou em 2006 o prêmio Jabuti de melhor livro-reportagem por “Operação Araguaia: Os Arquivos Secretos da Guerrilha”.
Ao reconstituir o antes e o depois da morte de Vasconcelos, por meio de capítulos pequenos, mas carregados de informação e suspense, Silva também ergue painel de um Brasil assombrado pela repressão militar.
À época, a política nacional usava a diplomacia como instrumento de propaganda para maquiar a realidade brasileira em solo estrangeiro e monitorar exilados e pessoas consideradas “perigosas” para a solidez da ditadura.
Coube a Vasconcelos, resistente a colaborar com a espionagem, acompanhar de perto as viagens de Dom Hélder Câmara, defensor dos direitos humanos, pela Europa. “O que mais me surpreendeu na investigação foi a qualidade da documentação do Itamaraty relativa a como a ditadura usava os diplomatas fora do país”, ressalta Silva.
Mesmo envolto em mistérios, “A Morte do Diplomata” guarda revelações em suas páginas finais, bem como descobertas inéditas feitas pelo autor. Após dois anos dedicados ao caso, Silva agora trabalha em uma obra sobre o movimento estudantil da UnB contra a ditadura. “Um livro mais político ainda”, ele adianta.
“A Morte do Diplomata: Um Mistério Arquivado pela Ditadura”
(Tema Editorial, 208 páginas, R$35)
Quinta-feira (3/8), às 19h, no Carpe Diem (104 Sul)