Um possante turbinado e uma boa ideia na cabeça. Foi assim que o ativista social Max Maciel, de 36 anos, idealizou Minha Quebrada, websérie que leva o conhecido formato de talk show para dentro de um Opala 79. Depois de duas temporadas e 16 episódios rodados em 10 regiões administrativas do Distrito Federal, a equipe do programa deu início a um processo de financiamento coletivo para custear as despesas com as gravações da sequência.
“Desde o segundo ano do programa, nós fazemos o financiamento coletivo e todo esse trabalho até aqui só foi possível graças ao apoio de 44 benfeitores”, afirma Max Maciel, que celebra o envolvimento popular com o projeto e vê nessa forma de custeio uma saída para colocar em prática produções independentes.
Minha Quebrada: série brasiliense mostra a cultura da periferia do DF

Minha Quebrada: série brasiliense mostra a cultura da periferia do DF
6 FOTOS

LUAN HENRIQUE/DIVULGAÇÃO

LUAN HENRIQUE/DIVULGAÇÃO

LUAN HENRIQUE/DIVULGAÇÃO

LUAN HENRIQUE/DIVULGAÇÃO

LUAN HENRIQUE/DIVULGAÇÃO

LUAN HENRIQUE/DIVULGAÇÃO
Há mais de 20 anos promovendo ações culturais e atividades de formação para jovens da Ceilândia, Max sentiu que era hora de estender o olhar a outras cidades. “Já tínhamos a ideia de fazer um programa que rodasse as quebradas. Quando vimos o Minha Brasília, do Daniel Zukko, tivemos a certeza que ele não desceria para as periferias. Então veio a ideia de divulgar as potências de outras quebradas, mostrar que existem outras ‘Brasílias’, para além da ótica do Plano Piloto”, explica o produtor.
Assim, há quase três anos, o Minha Quebrada vem resgatando as memórias de lugares como Santa Maria, Recanto das Emas, Estrutural e Planaltina, entre outros. Sempre atento a missão de fazer com que os moradores tenham orgulho de residir nesses territórios.

Thayene Gomes, 22 anos, integra o Coletivo Nós Por Nós, com sede na Cidade Ocidental (GO)
Visibilidade
Nas duas primeiras temporadas, Max conversou com jovens que mudam, de alguma forma, a realidade de onde vivem. Agora pretende intensificar o contato com esses agitadores culturais. “Ma terceira temporada, queremos apresentar os personagens que transformam essas cidades”, adianta Max.
Entre os entrevistados estão os fundadores da página Ceilândia Muita Treta, Naldo, Davi e Rafael; a rapper Belladona, de Brazlândia; e Thayene Gomes, integrante do coletivo Nós por Nós, com sede na Cidade Ocidental (GO).
“Para a gente foi muito bom participar. Antes, nós só éramos conhecidas por pessoas que já estão envolvidas em discussões sobre igualdade de gêneros. O Minha Quebrada acabou nos levando a outro público, despertou curiosidade nos moradores da própria cidade a respeito das ações que praticamos”, garante Thayene. “Dificilmente conseguiríamos esse mesmo espaço nas mídias tradicionais”, completa.
Orgulho da periferia
De acordo com Max Maciel, em todas as suas andanças pela capital federal percebeu que um ponto em comum entre os moradores é o orgulho de sua cidade e de sua trajetória, que só são minimizados pelas reclamações de descaso do poder público. “Muitas cidades são dormitórios, mas mesmo as que possuem uma vida pulsante, são aleijadas pela falta de olhar dos políticos”, pontua. Para o apresentador, algumas dessas regiões deveriam fazer parte do roteiro turístico da capital.
Nas próximas viagens no Opala 79, Max Maciel irá buscar por novas tecnologias sociais que “apresentem microrevoluções em cada um desses espaços de pertencimento”. Segundo o ativista, o Minha Quebrada ouve e mapeia os anseios dos moradores de cada local visitado. “Precisamos dessa proximidade para ter a legitimidade que buscamos nas periferias”, conclui.