A segunda-feira (1) foi um dia especial para muita gente. Após quase um ano sem receber alunos para atividades de ensino regulares, foram retomadas as aulas presenciais nas escolas particulares de ao menos dez estados do País, entre eles São Paulo (outros seis estados, além do Distrito Federal, agendaram o retorno para março).
Foram meses e meses sem aulas, sem o contato entre alunos e professores, sem as brincadeiras das crianças com
seus amigos, sem lancheiras e lanchinhos, sem aquele ambiente saudável e enriquecedor de uma sala de aula.
O retorno, porém, foi um misto de sensações. No Estado de São Paulo a indefinição perdurou até quase a véspera da data agendada, por conta de uma guerra de liminares entre sindicato e Secretaria da Educação. Com a cassação da liminar pela Justiça e a confirmação do retorno, veio a insegurança sobre qual decisão tomar em relação aos filhos. Enviá-los ou não para a escola?
Afinal, sem vacina para professores e estudantes, a incerteza, sobretudo em meio ao agravamento da pandemia, é absolutamente compreensível e justificável. Finalmente o tão esperado reeencontro aconteceu anteontem. Em muitas escolas houve choro e emoção, de todas as partes envolvidas: diretoras(es), professoras(es), alunos, pais, mães e familiares.
Além do retorno em si às aulas presenciais, a retomada dessa rotina teve um gostinho especial. Foi como o primeiro passo de uma longa caminhada para imaginar a vida voltando ao normal. Por mais que a pandemia ainda esteja a todo vapor nos quatro cantos do globo, começamos a enxergar as primeiras luzes no final desse longo túnel.
As vacinas começaram a aparecer, ainda que numa velocidade menor do que gostaríamos (e precisamos). E por mais que tenhamos de seguir cumprindo todos os protocolos rigorosos, por mais que seja necessário não fazer aglomerações, por mais que tenhamos de usar máscara permanentemente, essas “pequenas vitórias” nos animam para o restante de “guerra sanitária”.
É, no mínimo, uma centelha de esperança de dias melhores lá na frente. Para nós do Cruzeiro do Sul, a emoção foi ainda maior já que na mesma área onde está localizada a sede do jornal foi inaugurada a segunda unidade do Colégio Politécnico, também da Fundação Ubaldino do Amaral, mantenedora do jornal. Sob a batuta da competente diretora Sidnei Silva, a unidade Alto da Boa Vista recebeu os alunos de braços abertos.
Ver a alegria das crianças reencontrando as salas de aula e o sorriso no rosto da garotada foi algo mágico, especial.
Todos os envolvidos com educação sabem dos riscos da Covid-19 nesse retorno. Mas estudos e opiniões de educadores e pediatras mostram claramente que os risco para as crianças é ainda maior quando elas estão longe do ambiente escolar. Sem as aulas, ficam expostas a uma série de situações, sem falar do déficit de aprendizado. São frequentes os relatos de crianças apresentando quadros de desânimo, depressão, aumento da obesidade, ansiedade etc.
Em algumas camadas da sociedade, especialmente no Brasil, a falta de aulas causa transtornos ainda maiores nas crianças mais vulneráveis, até mesmo desnutrição. Tanto que escolas estaduais de São Paulo, previstas para
retomar as aulas somente no dia 8, estão abertas para oferecer merenda aos menos favorecidos.
Nessa camada, muitas vezes a criança nem tem a estrutura necessária para estudar a distância ou de forma virtual. Outro risco comum da falta de aula presencial é que as escolas também acabam servindo como um abrigo para potenciais vítimas de abusos de todo tipo e de violência doméstica, por exemplo.
Como já dito neste espaço, os alunos são as vítimas invisíveis da pandemia. Muitos educadores cravam que, em um
momento de pandemia como o atual, as escolas têm de ser a última coisa a fechar e a primeira coisa a abrir. Não é à toa que os países da Europa estão fazendo de tudo para manter os colégios abertos. As instituições de ensino que já reabriram ao redor do mundo não causaram uma explosão no número de casos, felizmente. Aliado a isso, é possível afirmar que o contágio do novo coronavírus é menor entre as crianças e que nessa faixa etária a quantidade de casos que evoluem para estágios graves da doença é bem baixa.
É claro que, diante de uma pandemia desse calibre, devemos estar preparados para tudo, inclusive mudanças de situações, como abre e fecha de aulas presenciais. Afinal, tudo depende de uma série de fatores como evolução da pandemia, ritmo de contágio, ritmo das imunizações etc. Mas que tenhamos isso em mente: a escola é tremendamente importante para as crianças.
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