Em entrevista ao programa Huckabee, apresentado pelo ex-governador do Arkansas, nos Estados Unidos, Mike Huckabee, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL) deu declarações polêmicas sobre o conflito envolvendo Rússia e Ucrânia. Para o parlamentar, o fato de os ucranianos não possuírem mais armas nucleares é “muito triste”.
“Estamos em um ponto muito sensível e infelizmente estamos olhando para uma guerra. Mas isso mostra ao mundo que para ter sua própria segurança você deve ter ótimas forças armadas. Algo triste é que a Ucrânia, há alguns anos, eles não deveriam mais ter bombas poderosas ou bombas nucleares. Então agora eles não podem se defender de uma forma que não precisem de ajuda. Isso é muito triste. Talvez seja uma mensagem para o resto do mundo”, afirmou o filho 03 do presidente.

A relação conturbada entre Rússia e Ucrânia, que desencadeou conflito armado, tem deixado o mundo em alerta para uma possível grande guerra
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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito
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A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho e evitar avanços de possíveis adversários nesse local
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Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km
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O presidente russo, Vladimir Putin
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Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país
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A Rússia iniciou um treinamento militar junto à aliada Belarus, que faz fronteira com a Ucrânia, e invadiu o território ucraniano em 24 de fevereiro
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Por outro lado, a Otan, composta por 30 países, reforçou a presença no Leste Europeu e colocou instalações militares em alerta
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Apesar de ter ganhado os holofotes nas últimas semanas, o novo capítulo do impasse entre as duas nações foi reiniciado no fim de 2021, quando Putin posicionou 100 mil militares na fronteira com a Ucrânia. Os dois países, que no passado fizeram parte da União Soviética, têm velha disputa por território
AFP

Além disso, para o governo ucraniano, o conflito é uma espécie de continuação da invasão russa à península da Crimeia, que ocorreu em 2014 e causou mais de 10 mil mortes. Na época, Moscou aproveitou uma crise política no país vizinho e a forte presença de russos na região para incorporá-la a seu território
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Desde então, os ucranianos acusam os russos de usar táticas de guerra híbrida para desestabilizar constantemente o país e financiar grupos separatistas que atentam contra a soberania do Estado
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Segundo especialistas, o conflito teria potencial para impactar economicamente o mundo inteiro. Os países da Europa Ocidental, por exemplo, temem a interrupção do fornecimento de gás natural, que é fundamental para vários deles
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Embora o Brasil não tenha laços econômicos tão relevantes com as duas nações, pode ser afetado pela provável disparada no preço do petróleo
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Em entrevista para ex-governador do Arkansas, Eduardo Bolsonaro lamenta que Ucrânia não tem mais bombas nucleares. “Agora eles não podem se defender”.
Nos EUA para participar de um congresso, deputado criticou o vice-presidente @GeneralMourao: “invadindo a área do presidente”. pic.twitter.com/dzPYxy1C3T
— Metrópoles (@Metropoles) February 28, 2022
Vale lembrar que, neste domingo (27/2), Vladimir Putin acendeu um alerta mundial ao pedir que forças nucleares da Rússia fiquem em estado de alerta em meio ao conflito no leste europeu. Além disso, a ameaça nuclear aumentou depois que um referendo foi aprovado em Belarus, retirando o status não nuclear do país e facilitando a instalação de armas nucleares russas em seu território.
O deputado federal ainda comentou sobre posicionamentos do vice-presidente, Hamilton Mourão (PRTB), que afirmou não concordar com a invasão da Ucrânia logo nos primeiros dias em que o conflito estourou.
“Não é a primeira vez que nosso vice-presidente fala coisas que contrariam a opinião de Bolsonaro”, disse Eduardo Bolsonaro. Para ele, não existem problemas em Mourão possuir opiniões distintas das de Bolsonaro, desde que não as divulgue publicamente.
“Esse tipo de opinião do vice-presidente, ele pode tê-las. Mas, quando ele fala disso publicamente, ele está invadindo a área do presidente. Então é por isso que Bolsonaro disse que isso não representa a opinião do presidente. Não é grande coisa, mas você tem que observar o espaço no território de cada um que está no governo”, declarou.
Jair Bolsonaro ainda não chegou a se posicionar explicitamente a favor da Rússia no conflito que já dura cinco dias. Contudo, declarações recentes do presidente apontam para um possível alinhamento com o Kremlin, tendo inclusive algumas delas sendo repercutidas pela mídia russa como apoio a Vladmin Putin.
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