Novo prédio da Pinacoteca faz homenagem a arquitetos importantes

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Durante as obras do novo prédio da Pinacoteca, uma surpresa: uma estrutura metálica com detalhes rococós começou a surgir na demolição de uma construção que estava nos fundos do terreno. Era um pórtico desenhado pelo escritório de Ramos Azevedo, que fazia parte da Escola Modelo da Luz, inaugurada em 1895.

Esse é um resquício do que sobrou da construção do século XIX, junto a um pequeno prédio bege, no fundo do terreno, que também integra à Pina Contemporânea, inaugurada ainda em obras na última quinta-feira (29/12).

A estrutura foi incorporada ao projeto, assinado pelo escritório Arquitetos Associados, para criar a Galeria Praça, de 200m2. A construção contemporânea incorpora a geometria do telhado triangular do pórtico de Azevedo e, por dentro, expõem os elementos vazados da estrutura.

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Futuro do pretérito

Quase todos os espaços da Pina Contemporânea têm história, a começar pelo que fica na entrada. Da rua, já se vê a fachada modernista com cobogós e pilotis do projeto do arquiteto Hélio Duarte para o Grupo Escolar Prudente de Moraes. O prédio, da década de 1950, vai abrigar a reserva técnica, biblioteca, centro de documentação e ateliês para ações do educativo.

“Todos os prédios que fazem parte da Pinacoteca têm essa peculiaridade de serem edifícios pré-existentes que tomam outro uso e se ressignificam, mas conseguem se manter com a memória”, explica Paula Zasnicoff Cardoso, sócia do escritório Arquitetos Associados, em entrevista ao Metrópoles.

Ela lembra que assim como a sede Pina Contemporânea foi no passado uma escola, o edifício Luz já abrigou o Liceu de Artes e Ofícios; e o Estação, o antigo Departamento de Ordem Política e Social (DOPS).

Crescendo por baixo

Para valorizar essa história do local e a mescla de estilos arquitetônicos distintos, os arquitetos resolveram ampliar as dependências da nova sede pelo subterrâneo. “Foi uma estratégia de respeito com essas camadas de tempo e de liberar esse espaço público”, diz Paula.

No subsolo, está a Grande Galeria, um espaço de 1.000m2 e pé direito de mais quatro metros. O local de dimensões generosas foi criado para receber obras de grandes escalas que a instituição tinha dificuldade de expor nos prédios Luz e Estação, que têm salas estreitas e/ou com pé direito baixo.

Criando essa sala abaixo do nível da rua, o projeto deixou o pátio do antigo colégio livre, integrando o espaço com o parque da Luz, que liga o local à primeira e principal sede da Pinacoteca. O pátio também deve receber obras, como a do artista Tunga – prevista no projeto e que deve ser a primeira a ser exibida no local.

Ao mestre com carinho

Além de respeitarem o trabalho de Ramos de Azevedo e Hélio Duarte, o projeto homenageia outro importante arquiteto brasileiro: Paulo Mendes da Rocha. Foi Mendes da Rocha que fez a principal reforma no prédio da Luz, em 1998.

Ele construiu uma grande claraboia no vão central do edifício e passarelas para que as pessoas circulassem entre as salas “sobrevoando” o pátio. Um dia, visitando o edifício, o arquiteto viu andorinhas voando de uma janela para outra. O movimento o inspirou a criar os caminhos suspensos para as pessoas.

O projeto da Pina Contemporânea se inspira nas ideias de Mendes da Rocha. O pátio, de 1.339 m2, recebeu um pergolado com cobertura translúcida e uma passarela que o rodeia 360o. O elevador do local também se espelha e está alinhado ao do “prédio-mãe”.

“Nossa ideia foi dar continuidade ao eixo que o Paulo começou ali”, diz a xará de Mendes da Rocha. “Trouxemos a luz filtrada das árvores do Parque da Luz para cá. Tivemos uma estratégia semelhante de organizar o espaço comum.”

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Grande e sustentável

Sendo construído no século XXI, os arquitetos também se preocuparam com a sustentabilidade. No teto do prédio principal, foram instalados painéis de energia solar. Há também cisternas para coletas de água da chuva.

“A preocupação ambiental é dever de um museu hoje em dia”, afirma Paula. A madeira usada na estrutura do pergolado é de fonte renovável e de origem certificada. “É a que melhor compensa as emissões de carbono”, diz.

Com a inauguração da Pina Contemporânea, a Pinacoteca de São Paulo se torna um dos maiores museus de arte da Américas, com um total de 22.041 m2, e potencial para receber até 1 milhão de visitantes por ano.

A abertura para o público está prevista para o dia 25 de janeiro. Estão programadas para abrir o novo espaço uma individual da artista sul-coreana Haegue Yang e “Obras de grandes dimensões na coleção da Pinacoteca”, com trabalhos do acervo da instituição (veja as outras 12 mostras que que a pinacoteca vai receber em 2023).

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