
“Cidade das Damas”, lançado em 1405, foi um marco na história da literatura. Ao lançar a obra, a francesa Christine de Pizan se tornou a primeira mulher a publicar um livro no Ocidente. Nela, a escritora formula a misoginia como um problema, buscando compreendê-la e superá-la por meio de um diálogo argumentativo e cheio de exemplos.
Embora tenha sido no crepúsculo da Idade Média, o livro trata de temas persistentes na agenda feminista contemporânea. Por isso, “Cidade das Damas” tornou-se tema da disciplina “Ideias Filosóficas em Forma Literária”, disponibilizada todos semestres no Departamento de Filosofia da Universidade de Brasília (UnB).
“A obra é uma desconstrução de argumentos misóginos produzidos pela literatura Ocidental por poetas, moralistas, teólogos, filósofos e autores que apresentam uma visão de mundo, e de si mesmos, elevando-se pela depreciação da mulher”, explica a professora da disciplina, Ana Míriam.
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Feminismo
Na obra, Christine de Pizan apresenta três damas ilustres (Razão, Retidão e Justiça) que vivem numa fortaleza de virtudes femininas, a Cidade das Damas. Durante a narrativa, a escritora discorre sobre o direito das mulheres à educação, afirma a competência delas em todas as áreas do saber, defende a participação na economia doméstica e no governo. Além disso, debate as violências contra as mulheres, da difamação ao estupro.
O pensamento de Christine de Pizan foi referência para grandes nomes da literatura e da filosofia mundial, como Simone de Beauvoir (“O Segundo Sexo”), e é tema para um grupo de pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
“A leitura da obra é acessível, mas as suas referências a literatura, teologia e filosofia exigem um estudo mais atento”, explica Ana Míriam. Apesar de ser uma disciplina do Departamento de Filosofia, as aulas são abertas a todos os cursos da UnB. Aquele que tiver interesse deve enviar o pedido de matrícula para aluno especial pelo e-mail [email protected].