Crítica: “Os Parças” reúne estrelas da comédia, mas humor não convence

    0
    451
    Jarrod Bryant/Divulgação

    Na teoria, “Os Parças” funciona como uma espécie de filme de super-heróis na farta produção de comédias brasileiras. Reúne astros de diferentes gerações do humor popular, Tom Cavalcante, Tirullipa e Whindersson Nunes, e completa o Quarteto Fantástico da zoeira com o ator e apresentador Bruno de Luca.

    A ideia é claramente usar o longa como veículo para que os astros tenham passe livre para improvisar e explorar rotinas cômicas das mais diversas. Eles se vestem de mulher, fazem piadas sobre estereótipos de nordestinos e paulistas, tiram onda com o nariz de um (Cavalcante), os olhos de outro (Tirullipa).

    Escrita por Claudio Torres e dirigida pelo cearense Halder Gomes (das comédias independentes “Cine Holliúdy” e “O Shaolin do Sertão”), a trama digna de programa humorístico de TV aberta ambienta a ação na rua 25 de Março, em São Paulo.

    Whindersson e Tirullipa aplicam pequenos golpes para fazer algum dinheiro, enquanto o personagem de Cavalcante trabalha como locutor de uma loja de departamentos. Com pinta de nerd, Bruno de Luca é o único funcionário da empresa de casamentos administrada por Oscar Magrini.

    Grandes nomes, potencial desperdiçado
    Eis que o pilantra interpretado por Magrini engana o quarteto direitinho. Fecha negócio com Vacário (Taumaturgo Ferreira inspiradíssimo), temido mafioso atuante na 25 de Março, para organizar o casamento da filha do figurão, Cintia (Paloma Bernardi).

    Assim que recebe a grana, o bon vivant de Magrini sai de cena. Sem dinheiro, os espertalhões vividos por Cavalcante, Whindersson, Tirullipa e Luca precisam usar a sabedoria das ruas e a típica criatividade brasileira para criar uma festa de luxo e garantir a sobrevivência.

    “Os Parças” decepciona mesmo dentro dessa proposta de uma comédia escrachada sem grandes pretensões estéticas e narrativas. O filme desperdiça até mesmo seus promissores coadjuvantes. Ricardo Macchi, eterno cigano Igor, faz um dos capangas de Vacário, mas é limitado a diálogos reativos. Outro personagem subaproveitado é o traficante colombiano interpretado por Carlos Alberto de Nóbrega.

    As cenas realmente engraçadas são esparsas e em geral envolvem o carisma do veterano Tom Cavalcante, ora encarnando uma professora de dança alemã, ora homenageando Jerry Lewis como um garçom equilibrista na festa de casamento. Até o clássico bebum João Canabrava comparece para alegrar uma cena de bar.

    Resolvido com dispensáveis soluções românticas, o roteiro ainda arruma tempo para articular breves participações de Wesley Safadão – que convence como um motorista de aplicativo de carona – e do parça-mor Neymar, este numa cena pós-créditos tão picareta quanto os golpistas vistos no filme. “Os Parças” acumula elementos cômicos (estrelas, clichês regionais, tiradas), mas pouco faz rir.

    Avaliação: Ruim

    Artigo anteriorCriado em 1959, Cruzeiro celebra 58 anos nesta quinta-feira
    Próximo artigoTransplante de coração mobiliza equipes da PM, FAB e Detran-DF