Animador de Ilha dos Cachorros fala sobre desafios de stop-motion

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    Em cartaz nos cinemas, o filme Ilha dos Cachorros, mais recente longa do cultuado diretor Wes Anderson (Os Excêntricos Tenenbaums), teve algumas de suas principais cenas assinadas por um artista brasileiro: o animador Matias Liebrecht, especialista na técnica de stop-motion.

    Após 17 anos morando fora do Brasil, o paulistano voltou a viver no país no fim de 2017. Nas últimas semanas, participou como palestrante do festival Anima Mundi – Brasília recebe uma versão compacta da mostra em agosto. Entre uma coisa e outra, ele conversou com o Metrópoles sobre os desafios da animação na atualidade.

    Liebrecht integrou as equipes de animação de quatro filmes indicados ao Oscar: Frankenweenie (2012), longa de Tim Burton que ajudou a projetar o brasileiro, Os Boxtrolls (2014), Minha Vida de Abobrinha (2016) e Kubo e as Cordas Mágicas (2016).

    Anderson, de Ilha dos Cachorros, foi lembrado entre os concorrentes à estatueta por O Fantástico Sr. Raposo (2009), também rodado em stop-motion. Então, é bem possível que seu novo longa esteja na cerimônia.

    Em Ilha, Liebrecht foi um dos cinco key animators, o mesmo que animadores principais. “Tem a ver com a experiência do profissional”, explica. “Ele cuida de cenas-chave do filme e momentos relevantes, como transições na trama. Envolve movimentos mais complexos de câmera, personagens múltiplos dentro de uma mesma cena. O diretor confia um pouco mais nele”, continua.

    Dividir o set com nomes como Burton e Anderson, por sinal, ajuda os animadores a crescerem. “É muito mais fácil trabalhar com diretores de estilo muito marcado. Porque a função do cineasta é indicar o caminho, dar direcionamento certo”, diz.

    Por isso, Frankenweenie ocupa espaço singular na carreira de Liebrecht. “Ali eu evoluí imensamente. Aprendi técnicas de olhar, composição. O diretor de animação confiava muito em mim. E, com isso, fui recebendo cenas desafiadoras. Saí dali um animador completamente diferente”, analisa.

    O brasileiro aponta pelo menos dois grandes desafios para quem se especializa em stop-motion. Os fotogramas envolvem objetos palpáveis no mundo real e precisam ser feitos em sequência. “Tem que planejar muito bem. Quando começa, não dá para voltar atrás. É preciso ter uma grande noção de espaço, composição e ritmo”, analisa.

    Após Ilha dos Cachorros, Liebrecht vai passar dois meses em Cingapura participando de um projeto de robótica cujo resultado será um curta-metragem de animação.

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