Mais uma tentativa de encontrar um ponto de concordância entre governo e policiais terminou sem sucesso nesta quara-feira (19/06/2019). A mais recente reunião entre os agentes das forças de segurança e integrantes da equipe econômica do presidente Jair Bolsonaro (PSL) para discutir a reforma da Previdência terminou com ânimos exaltados.
Mesmo com as explicações sobre o cenário fiscal do secretário especial de Trabalho e Previdência do Ministério da Economia, Rogério Marinho, a Associação Nacional de Delegados de Polícia Judiciária (ADPJ), entidade que representa cerca de 8 mil delegados, não gostou da tom da conversa.
Agora, os agentes de segurança prometem partir para o “corpo a corpo” com deputados para frear as mudanças nas regras de aposentadoria. “Vamos esperar o texto final para avaliar os destaques para angariar votos para cada um e saber quais deputados votariam no texto que será aprovado na comissão”, adianta o presidente da ADPJ, delegado Rafael Sampaio (foto em destaque).
Segundo ele, ao menos 30 deputados já declararam apoio à categoria, dos quais cinco já apresentaram emendas favoráveis ao grupo.
Os policiais brigam pela manutenção da atividade de risco, pensão integral por morte, regras de transição justas, idade mínima de aposentadoria diferenciada para homens e mulheres e integralidade e paridade dos vencimentos na aposentadoria, como oferecido para as Forças Armadas.
“Nossa grande preocupação é que a proposta cria quatro carreiras dentro da mesma carreira. Essa reforma é uma injustiça, frente ao texto que foi apresentado aos militares. A reforma agride o sistema de segurança”, critica.
Após reunião, frustração
A reunião com Marinho, nesta quarta-feira (19/06/2019), em vez de atenuar a tensão, aumentou o distanciamento da categoria com o governo Bolsonaro. “Foi uma reunião ruim. Nos parecia que entraríamos em um acordo, saímos frustrados. Uma traição do governo”, completa Rafael.
Na avaliação do delegado, a reforma da Previdência como está trará prejuízos à segurança pública. Para ele, as polícias ficarão envelhecidas e perderão as condições integrais de combate. “É uma situação dramática. Bolsonaro sempre defendeu a segurança pública em discursos [de campanha], [disse] que se eleito traria melhorias para o servidores. Isso não se concretizou”, critica.
Rafael destaca que, se a reforma for aprovada como está, haverá quatro formas de se aposentar. Para aqueles que entraram na corporação antes de 2003 – que teriam integralidade e paridade; uma regra de transição para os ingressos entre 2003 e a criação do Funpresp (com integralidade calculada na média das contribuições); para aqueles admitidos após o Funpresp (a aposentadoria dependeria do fundo complementar); e para aqueles contratados após a reforma.
O enfrentamento da reforma no Congresso é mais um capítulo da sequência de desentendimentos entre as forças de segurança e Bolsonaro. A categoria já realizou duas manifestações em Brasília e divulgou duas cartas contra as propostas do presidente.
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