Homem preso por matar enteada teria agido com comparsas, diz acusação

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    Após a prisão preventiva de Valdezar Cordeiro de Matos, 67 anos, acusado de matar e ocultar o corpo da enteada Thayna Ferreira Alves, 21, novos detalhes do crime começam a surgir. A assistência de acusação e investigadores que atuam no caso acreditam que o fazendeiro não agiu sozinho. A jovem desapareceu em 16 de fevereiro de 2017 e, segundo os policiais, a última pessoa que esteve com ela foi o padrasto. Ele foi preso na tarde dessa quinta-feira (20/06/2018) pela Divisão de Homicídios da Polícia Civil de Valparaíso (GO).

    De acordo com o advogado assistente de acusação, José Carlos Carvalho, existem fortes indícios que apontam para a participação de outras pessoas. “Como a Justiça decretou sigilo, não podemos dar muitos detalhes, mas posso adiantar que Valdezar não agiu sozinho. Temos provas irrefutáveis da participação dele nesse crime brutal. No momento certo, elas serão reveladas”, afirmou. Carvalho afirmou que o fazendeiro não confessou participação no assassinato. “Esperamos que ele explique como planejou e executou a vítima, e revele a motivação”, ressaltou.

    Ao receber a notícia da prisão do ex-marido, a mãe de Thayna, Regina Jussara Ferreira Lacerda, 42, mostrou-se aliviada. Agora, mantém a esperança de que o homem indique o lugar onde teria enterrado o corpo da filha. “Não tenho esperança de encontrá-la viva, mas quero que, pelo menos, ele indique onde estão os restos mortais dela. Quero poder dar um sepultamento digno, nem que seja para enterrar só os ossos ou restos de cabelo”, disse Regina ao Metrópoles.

    De acordo com o titular do Grupo de Investigação de Homicídios de Valparaíso de Goiás, delegado Rafael Abrão, a prisão do suspeito tem caráter preventivo, ou seja, sem prazo de validade. “É um grande avanço isso, porque indica que realmente temos elementos que incriminem o padrasto por homicídio e ocultação de cadáver”, declarou.

    Busca por respostas

    Desde o desaparecimento de Thayna, a vida de Jussara passou a girar em torno da busca por respostas e justiça. Ela deixou o emprego e passou a investigar, por conta própria, a localização da filha. Na versão apresentada por Valdezar, a estudante pegou uma carona no veículo dele até uma parada de ônibus na passarela de Valparaíso (GO), hipótese rechaçada pela mãe, pois a menina tinha carro e não usava transporte público.

    “Era costume ela andar no carro dele, tanto que não me assustei. Só queria ver na câmera do prédio a roupa que ela estava usando, e não era alguma que ela fosse usar para sair e demorar. Era uma roupa mais simples, de ficar em casa”, lembra Jussara.

    Na noite do desaparecimento, a mãe mandou duas mensagens – nenhuma delas respondida – e ligou para a filha por volta das 22h30. “Fiquei preocupada e acionei uma amiga, que já estava chorando, dizendo que não conseguia falar com a Thayna desde as 14h. Eu fiquei desesperada, perguntei para ele [o padrasto e ex-marido]: ‘Você não perguntou aonde ela iria?’. E ele disse que não.”

    Passadas 24 horas do desaparecimento da filha, Jussara registrou uma ocorrência no Centro Integrado de Operações Policiais (Ciops) de Valparaíso, mas teve de esperar por quatro dias, até a segunda-feira seguinte, para que a delegacia especializada desse início às investigações.

    Câmeras

    Câmeras de segurança flagraram Valdezar voltando e entrando três vezes no apartamento da família, algumas horas depois de sair na companhia de Thayna. Na primeira, ele sai com uma mala grande. Depois, é filmado com a bolsa de Thayna embrulhada em uma sacola plástica e, por fim, deixa o local com um facão em uma bainha.

    Uma das hipóteses das investigações, na qual Jussara acredita, é que o facão tenha sido usado para matar e esquartejar o corpo, e a mala, para ocultação do cadáver. A mala, os pertences e o celular de Thayna – um iPhone 7, o mais moderno na época – nunca foram encontrados.

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