Crescimento urbano

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Circulou encartado junto à edição do domingo (24) do Cruzeiro do Sul o tradicional suplemento Condomínios, que traz informações importantes sobre esse conceito de moradia e novas tecnologias utilizadas para oferecer cada vez mais segurança e conforto aos moradores.

O suplemento traz uma informação importante, a de que Sorocaba tem mais de 6,2 mil condomínios residenciais e loteamentos fechados.

Esse tipo de empreendimento teve crescimento estratosférico em poucas décadas.

Há 30 anos, por exemplo, podia-se contar o número de condomínios residenciais da cidade com os dedos de uma mão.

A busca por segurança, pela comodidade e privacidade, revolucionou o jeito de morar em muitas cidades brasileiras e o crescimento acelerado de Sorocaba colaborou para que esse tipo de empreendimento obtivesse esse sucesso.

A cidade tinha pouco mais de 175 mil habitantes em 1970, passou para 269 mil em 1980 e continuou crescendo com índices muito acima da média nacional nas décadas seguintes.

A opção por morar em condomínios, motivada principalmente pela busca de segurança, provocou a expansão da malha urbana em direção a espaços antes ocupados pela zona rural e o esvaziamento de bairros importantes.

Com isso, essas áreas residenciais de classe média alta transformaram-se em áreas predominantemente comerciais, com a multiplicação de escritórios, consultórios e empresas prestadoras de serviços.

Bairros como Jardim Santa Rosália, Vergueiro e Trujillo são alguns exemplos dessa mudança.

A população de Sorocaba, que na virada do século era de 493 mil habitantes, aproxima-se este ano dos 700 mil.

Além dos condomínios horizontais e verticais, assistimos ao surgimento de conjuntos habitacionais, de todos os níveis e tamanhos, e centenas de loteamentos implantados em todas as regiões da cidade.

Loteamentos populares junto às avenidas Ipanema e Itavuvu fizeram a zona norte da cidade transformar-se nas últimas décadas na região mais povoada da cidade.

Todo esse crescimento precisa ser planejado para que o poder público possa estender até essas áreas a infraestrutura necessária.

É preciso adaptar o sistema viário, o transporte coletivo, redes de eletricidade, esgoto e água.

Também é preciso planejar o atendimento à saúde com a construção de unidades básicas, pensar na educação, com a construção de creches e escolas e em áreas de lazer e recreação.

Dias atrás, o Cruzeiro do Sul publicou uma reportagem que reflete a preocupação de representantes de várias entidades representativas da sociedade civil com a implantação de um gigantesco empreendimento imobiliário na zona oeste da cidade e que foi tema de uma audiência pública convocada pelo Conselho Estadual do Meio Ambiente.

O que chamou a atenção de representantes de associações de moradores, Associação Comercial e de Ongs ligadas à preservação do meio ambiente são as dimensões do empreendimento.

Nas oito fases previstas, deverão ser lançados para venda de 7.765 lotes que poderão abrigar, assim que as moradias forem construídas, perto de 40 mil habitantes, população superior a centenas de municípios paulistas.

O empreendimento prevê o loteamento de uma área da zona oeste que hoje já enfrenta sérios problemas de acesso.

As principais vias são a avenida General Carneiro — que já tem trânsito intenso e problemático — e avenida General Osório, igualmente com volume de trânsito muito acima de sua capacidade em determinados períodos do dia.

Um empreendimento desse porte poderá travar o trânsito naquela região da cidade.

Mas o que mais preocupa as organizações civis presentes na audiência pública é a questão do abastecimento de água.

A implantação de grandes empreendimentos, condomínios e conjuntos habitacionais distantes da região central certamente têm contribuído para piorar o sistema de abastecimento de água, que se mostrava sob controle até pouco tempo atrás.

Não podemos nos esquecer que há pouco mais de um ano foram inaugurados dois conjuntos habitacionais gigantescos no extremo da zona norte da cidade, onde também surgem novos condomínios.

Os conjuntos habitacionais Carandá e Altos do Ipanema foram erguidos com recursos do programa Minha Casa, Minha Vida e hoje têm mais de 20 mil habitantes.

Levar água tratada e rede de esgoto até praticamente a divisa com Porto Feliz certamente afetou o sistema de abastecimento do Saae.

Uma nova “cidade” de 40 mil habitantes na zona oeste, nas condições atuais, é praticamente impensável.

E os mananciais que abastecem a cidade parece que estão chegando a seu limite.

A cidade está passando por um rodízio de abastecimento durante a primavera, um fato inédito.

Quando chegar a estiagem, nos meses de inverno, é difícil saber como será feita a distribuição da água.

O crescimento da cidade é importante, mas precisa vir acompanhado de muito planejamento, para que melhore a qualidade de vida de seus habitantes, e não o contrário.

Crescimento a qualquer custo geralmente traz resultados indesejáveis.

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