Bicicletas elétricas são uma alternativa para a mobilidade urbana

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40 e-bikes estão rodando pelas rua de Sorocaba atualmente. Crédito da foto: Marcelo Gomes

Uma maneira de fugir do trânsito caótico que uma cidade grande como Sorocaba oferece é usar bicicletas como modal de transporte.

Mas apesar dos benefícios, alguns pontos negativos acabam pesando na hora de optar pela “magrela” como companhia no dia a dia, como chegar cansado e suado ao destino, esforçar-se para subir ladeiras e demorar mais para percorrer o trajeto.

No entanto, uma solução que pode suprir, ou ao menos amenizar esses problemas com segurança, conforto e melhor custo-benefício são as bicicletas elétricas. Uma novidade agora presente na vida dos sorocabanos.

Sorocaba recebeu há pouco mais de um mês (no dia 26 de novembro deste ano), a primeira filial da E-Moving, startup voltada para a mobilidade urbana criada há quase cinco anos na cidade São Paulo e que oferece locação e venda de bikes elétricas.

Bruno Camargo, representante da filial de Sorocaba, conta que a escolha de investir na cidade se deu por conta de alguns pontos como o importante centro empresarial existente aqui, o grande número de startups, pela malha cicloviária de 127 km, além de ser uma cidade grande.

Para Bruno Camargo, as bicicletas elétricas podem amenizar os problemas de deslocamento que Sorocaba vem enfrentando. Crédito da foto: Marcelo Gomes

Com 450,382 km² e 679.378 habitantes, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o município tem sofrido com problemas de deslocamento nos horários de pico.

Bruno revela que quando a startup foi criada, em 2015, havia muita resistência por parte dos paulistas por conta do status que um veículo automotor geralmente transmite.

“O primeiro ano foi horrível, em torno de 30 bikes foram locadas. Mas com o despertar da consciência da população, a necessidade de se ganhar tempo e não sofrer com o estresse de ficar dentro do carro, esse mercado foi se abrindo para a gente”, relata o representante da E-Moving Sorocaba, comentando que hoje estão com cerca de 900 bicicletas rodando pelas ruas de São Paulo.

Sistema híbrido é a vantagem para quem já usa

Aqui, em Sorocaba, 40 e-bikes (termo usado pela empresa) estão pelas ruas da cidade. Um dos usuários é Alexandre Muniz, 44 anos, e proprietário de um espaço de Coworking em Sorocaba. Ele conta que há dez meses comprou uma bicicleta convencional para substituir o uso do carro, porém por morar em Votorantim e haver muitas ladeiras, não conseguiu se adaptar, pois chegava muito suado em alguns lugares e acabou optando por uma moto.

Alexandre Muniz tem conseguido incluir a bicicleta elétrica no seu cotidiano. Crédito da foto: Arquivo pessoal

No entanto, quando ficou sabendo que a E-Moving tinha aberto uma filial na cidade, não pensou duas vezes, e há um mês usufrui da locação de uma e-bike.

“Hoje eu a uso basicamente para ir ao trabalho, ir para a faculdade, quando eu vou jogar bola. São atividades que estão no raio de 12 km da minha casa aproximadamente”, diz Muniz que está vendendo a antiga bicicleta e a moto.

As bicicletas da E-Moving são híbridas, ou seja, funcionam tanto como uma bicicleta convencional quanto com a ajuda do motor.

O sistema usado nelas é chamado de pedal assistido, por isso o motor só é acionado quando o ciclista pedala, ao parar o movimento, o motor desliga imediatamente.

A bike atinge uma velocidade máxima de 25 km/h, máximo permitido para se pedalar sem precisar de carteira de habilitação.

“A bateria dela é composta por um polido de lítio, uma tecnologia parecida com as baterias dos celulares de hoje e é ela que armazena toda a energia que vai ser dissipada pelo sistema elétrico”, explica Camargo.

Ele conta, ainda, que um projeto está sendo desenvolvido para um sistema regenerativo de abastecimento. “Nas próximas bicicletas, ele vai aparecer como componente extra. Em trechos de descida ou em momentos que você estiver de fato pedalando, a bicicleta vai estar carregando a bateria”.

Juliana Finessi está aos poucos conseguindo deixar o carro cada vez mais na garagem. Crédito da foto: Arquivo pessoal

O fato de a e-bike ser híbrida chamou a atenção da empresária Juliana Finessi, 38 anos, que já andava de bicicleta, mas só para lazer. “Justamente pela dificuldade da geografia da cidade. Muitas subidas, as ciclovias não são contínuas, em muitos lugares não tem ciclovia e no dia a dia ficava mais complicado de andar de bike”, relata a empresária que sempre quis incluir a bicicleta no cotidiano e encontrou a solução na bicicleta elétrica.

“Estou amando, é só uma questão de adaptação mesmo, porque a cidade não está toda estruturada ainda em questão de ciclovia, por isso precisa pensar no trajeto que vai fazer, tem a questão do trânsito, os motoristas e os pedestres que não estão acostumados com os ciclistas”, diz Juliana.

O custo-benefício é outra questão importante quando falamos de usar bicicletas como modais de transporte. A empresária Melissa Quevedo, 30 anos, procurou a E-Moving para fazer a locação de uma bicicleta elétrica justamente por conta do financeiro.

“Eu rodo demais de carro e gasto cerca de R$ 800 com combustível todos os meses, fora a manutenção do carro, multas… E a bicicleta foi uma alternativa mais barata”, afirma Melissa.

A praticidade e o baixo custo foram fatores que fizeram Melissa Quevedo optar por uma e-bike. Crédito da foto: Arquivo pessoal

Outro fator importante é a otimização do tempo. A empresária mora e trabalha no centro da cidade e conta que o terreno é muito irregular e cheio de subidas, mas que com a bicicleta elétrica é muito mais fácil.

“Com a bike é coisa de cinco, sete minutos da minha casa até o escritório, coisa que, de carro, por causa do trânsito do centro, eu acabo levando 15 minutos”, revela. Para Melissa, o único fator ainda ruim na cidade é a infraestrutura das ciclovias.

Bicicletas públicas existem na cidade desde 2012

Para que as bicicletas se tornem a primeira opção das pessoas na hora de se locomover, é preciso que haja estímulos e serviços de qualidade. Sorocaba tem um modelo pioneiro no Brasil do uso de bicicletas compartilhadas.

Desde 2012, o programa Integrabike permite que pessoas que possuam qualquer um dos cartões do transporte coletivo da cidade peguem uma bicicleta de forma gratuita por um determinado período.

Desde o início do programa, 347 mil empréstimos foram feitos pelo Integrabike. Crédito da foto: Marcelo Gomes

De acordo com dados da Urbes Trânsito e Transportes – empresa pública que gerencia o trânsito no município, em média, são realizados mais de 6 mil empréstimos mensais de bicicletas públicas.

Isso representa cerca de 200 empréstimos ao dia e 36 mil ao ano. E desde o início do projeto já foram realizados mais de 347 mil empréstimos.

No entanto, para o secretário de Mobilidade e Acessibilidade de Sorocaba, Gilmar Alves, as bicicletas poderiam ser mais utilizadas, e o sistema oferecido pela secretaria precisa ser melhorado.

“No nosso sistema hoje, a pessoa precisa ter o cartão e baixar o aplicativo, então ele ainda não dá possibilidade para pessoas que não estão no transporte público utilizarem as bicicletas”, explica o secretário.

Para o secretario Gilmar Alves, as bicicletas elétricas podem estimular a população a aderir ainda mais ao uso do modal como meio de transporte. Crédito da foto: Marcelo Gomes

Sobre a startup que se instalou na cidade, Alves acredita que a adesão da população será alta, já que os preços são acessíveis, além de haver uma malha cicloviária extensa e por haver muitas áreas íngremes e distantes.

Devido à vantagem das bikes elétricas, o secretário adianta que, quando for discutido o próximo contrato referente às bicicletas compartilhadas na cidade, a ideia é incluí-las nas estações existentes como opção às bicicletas convencionais.

Impacto ambiental e integração com o BRT

Além de otimizar o tempo de quem utiliza, a bicicleta como modal de transporte contribui para a redução de gases poluentes na atmosfera. Segundo o Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA), o transporte da cidade Sorocaba é responsável por cerca de 24% da emissão de carbono no município.

De acordo com Bruno Camargo, ao longo de 2019, com a quantidade de bicicletas da E-Moving nas ruas, cerca de dois bilhões de toneladas de CO2 deixaram de ser emitidos na atmosfera.

Em nível local, para que essa melhoria se amplie cada vez mais, a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade vem estimulando o uso de bicicletas no dia a dia das pessoas com campanhas educativas, com ações na ciclovia da margem do Rio Sorocaba, no Jardim Botânico, nas escolas, e abordando motoristas para explicar os benefícios de usar as bicicletas como forma de transporte.

Para o titular da secretaria, Maurício Tavares da Mota, o uso das bicicletas na cidade ainda é baixo e ele espera que as bicicletas elétricas possam estimular as pessoas a trocarem os carros e motos pelas “magrelas”.

A Sema tem feito um trabalho contínuo de conscientização para o uso das bicicletas na cidade, segundo informou o secretário da pasta, Maurício Mota. Crédito da foto: Marcelo Gomes

“Muitas pessoas reclamam que Sorocaba tem o relevo muito acidentado e isso, por vezes, inviabiliza o uso da bicicleta, então a bicicleta elétrica sana esse problema”, afirma o secretário que também está disposto a disponibilizar um ponto de recarga para as baterias das bikes elétricas na Secretaria do Meio Ambiente, para que a população seja estimulada a optar pelo modal.

Outra maneira de incentivar os sorocabanos a deixarem os veículos nas garagens de casa é o sistema BRT (Bus Rapid Transit) que está sendo implantado na cidade.

Segundo Mota, o sistema está prevendo a conexão com outros modais, inclusive a bicicleta, e, à medida que as pessoas começarem a entender que se trata de um transporte eficiente e rápido, ele espera que elas migrem do individual para o coletivo.

“Estão previstos alguns pontos de bicicleta ao longo do trecho do BRT para que as pessoas possam utilizar a bicicleta em complemento do transporte público coletivo”, declara o secretário.

Hoje, cerca de 30% dos usuários das bicicletas públicas fazem integração com o transporte coletivo, de acordo com dados da Urbes. (Marcelo Gomes – Agência Experimental Focas – Jornalismo Uniso)

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