Contos, poesias e romances: viajar nos versos e histórias de obras literárias é uma forma prazerosa de fugir do isolamento social. De clubes de leitura on-line a lives de youtubers especializados na arte da escrita, a internet tem se mostrado uma grande aliada na hora de aproximar pessoas apaixonadas por literatura durante a pandemia do coronavírus.
Formado em 2016, o Clube de Leitura de Brasília teve de se reinventar para se adaptar aos novos tempos. Os integrantes abriram mão dos tradicionais encontros com direito a cenários, booktrailers e brindes — que os levavam ao clima da obra-tema—, e apostaram em reuniões virtuais, porém “não menos empolgantes”, segundo o fundador do grupo, Claiperon Fernandes De Sousa, 38 anos.
“Comecei fazendo lives diárias no Instagram como uma forma de não perdermos o nosso elo, sobretudo, de amizade. Vi que as pessoas estavam participando e que sentiam falta dos encontros, então decidimos manter as datas e fazer versões virtuais”, conta Claiperon.
Antes com uma média de 30 pessoas por reunião, o Clube de Leitura de Brasília tem visto o número de integrantes aumentar graças às rodas literárias virtuais. “Acabou abrindo o nosso alcance. Pessoas de outros estados se interessaram, aderiram ao grupo e já se tornaram nossos amigos em tão pouco tempo”, ressalta o fundador.
Bate-papo literário
Colega de trabalho de Claiperon, Letícia Mendes Silva, 29 anos, está no Clube de Leitura de Brasília desde o começo. “Eu sempre amei ler, mas fazer parte do grupo intensificou isso. O que mais gosto é de ser apresentada a títulos e autores que talvez eu nunca leria”, explica a moradora do Cruzeiro.
Para Letícia, o clube têm sido um consolo durante o isolamento. “Mesmo com o home office e com a rotina louca consegui colocar leituras atrasadas em dia e aumentado o volume de livros que leio”, considera a fã de autoras como Chimamanda Adichie e Virgínia Woolf.
Apaixonado pelo gênero terror – fã do norte-americano Stephen King e do brasileiro Rafael Montes –, Raphael da Costa Oliveira encontrou nos debates literários uma forma de sair da caixinha. O brasiliense se apega ao fato de poder explorar o mundo através dos olhares diversos dos amigos do grupo. “Nós temos dado um real valor a esses momentos, talvez até mais do que antes da pandemia”, afirma Raphael.
Para a historiadora Eliete Gonçalves de Souza, 59 anos, ter a oportunidade de escutar o outro e conhecer novas leituras são os principais tesouros do Clube. “Quando preciso me ausentar, devido ao trabalho, sinto falta. Tenho necessidade da leitura”, completa.
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Lives literárias
Nem só de espetáculos musicais se fazem as famosas lives. O YouTube é repleto de canais literários que mantêm a produção de conteúdo em alta mesmo durante a quarentena. Com mais de 300 mil inscritos, a página da blogueira Pam Gonçalves é uma das mais badaladas da plataforma.
Além dos vídeos semanais, Pam já tem agendadas três transmissões ao vivo: uma entrevista com a autora Clara Alves, na próxima segunda-feira (18/05), às 20h; um debate sobre o livro A Mulher na Cabine 10, de Ruth Ware, dia 1º de junho, às 16h; e um bate-papo com a escritora e especialista em criminologia Bel Rodrigues, no dia 8 de junho, às 20h.
Vá ler um livro…
O casal Taty Leite e Augusto Assis, o Guto, do canal Vá Ler um livro, também mantém a produção. Eles se dividem na produção de conteúdo para a alegria dos fãs. Uma das boas sacadas durante a pandemia foi surfar na audiência do Big Brother Brasil 20 e publicar vídeos com indicações de livros para cada participante.
Mas o canal Vá Ler Um Livro também é conhecido por lives-debates com gênios como Mauricio de Sousa e o escritor e doutor em filosofia Luiz Felipe Pondé, que travaram uma discussão quente sobre o politicamente correto na literatura.
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