A semana promete ser agitada na Câmara Legislativa. Um projeto, (o Refis) com potencial de injetar meio bilhão de reais nos cofres do GDF e o outro (Procred) que permite ao governo jogar uma boia de salvação para empresas sufocadas pela crise vão esquentar o debate entre integrantes dos dois poderes.
A disputa de forças se dá em torno das condições para a aprovação das duas propostas de lei de autoria do Executivo local. No caso do Refis, por exemplo, que prevê o refinanciamento de endividados com o GDF, desde que o projeto chegou à CLDF foi acrescido de 49 emendas que modificaram a redação do Palácio do Buriti.
89 emendas
No caso do Procred, houve 40 alterações sugeridas pelos distritais. Das 89 modificações propostas, 54 foram feitas pelo mesmo parlamentar: Eduardo Pedrosa (PTC).
As mudanças irritaram o governador Ibaneis Rocha (MDB), que assinou, nesta segunda-feira (08/06), dois ofícios pedindo o encerramento da tramitação dos projetos no parlamento local.
Na justificativa apresentada via documento, o governador diz que a Casa deixou de analisar com a devida importância medidas a fim de viabilizar a recuperação econômica do Distrito Federal.
À coluna, Ibaneis foi ainda mais direto: “Não vou aceitar barganha de meia dúzia de deputados que não entendem o momento delicado que vivemos”.
A meia dúzia de distritais que Ibaneis se refere é formada por aqueles que integram o chamado centrão da Câmara Legislativa, em um paralelo com o grupo de deputados federais conhecidos, entre outras características, pelo fisiologismo e o pragmatismo na negociação política, quase sempre envolvendo cargos na estrutura de governo.
No caso do DF, todos os distritais do bloco liderado por Eduardo Pedrosa têm nacos de poder no Executivo. Mas aproveitaram o momento para rediscutir acordos e ampliar espaços.
Cargos no governo
É de Eduardo Pedrosa, por exemplo, a indicação da Administração do Itapoã. Ele ainda tem cargos espalhados na Secretaria de Desenvolvimento Social. Roosevelt Vilela (PSB) é o padrinho político do atual comandante do Corpo de Bombeiros.
As áreas de influência de Iolando Almeida (PSC), por sua vez, são a Secretaria da Pessoa com Deficiência e a Administração de Brazlândia.
João Cardoso (Avante) ostenta as indicações de Sobradinho I e II e o DF Legal. Já Sardinha (Avante) exerce influência política nas Administrações do Cruzeiro e Sudoeste. Recentemente, ganhou cargos na Secretaria de Administração Penitenciária. A fatia de Daniel Donizet (PSDB) é a Administração do Gama.
Tanto José Gomes quanto Eduardo Pedrosa ainda têm áreas em que seus interesses fazem intercessão com o governo. Ambos integram famílias cujas empresas prestam serviços para o Executivo local.
Os deputados na CLDF se dividem, basicamente, em três grupos: os de oposição, os governistas e os do centrão, que ora emparelham com os projetos de interesse do Executivo, ora divergem e fazem pressão para chegar a um denominador comum com o governador.
Por isso, a forma como a turma do centrão da CLDF se posicionará neste e em outros temas é importante, já que podem atuar como fiéis da balança, pendendo o resultado para um lado ou para o outro.
O lado do Centrão
Apesar de integrar o grupo de Pedrosa, o vice-presidente da Ceof, José Gomes, disse ao Metrópoles que não apresentou emenda ao projeto do Refis e que é favorável à proposta do governo.
Depois de a coluna revelar a intenção do governador Ibaneis em retirar o Refis e o Procred da CLDF, Eduardo Pedrosa gravou um vídeo em que diz acreditar na boa intenção do governo e afirma ser favorável à aprovação das duas propostas, já que entende que as iniciativas são importantes para a recuperação econômica do DF no contexto de crise. Ele não diz, no entanto, se está disposto a abrir mão das mais de 50 emendas aos textos.
Nesta terça-feira, o presidente da Câmara, Rafael Prudente (MDB), deve se posicionar sobre o tema em plenário. O vice-presidente da Casa, Rodrigo Delmasso (Republicanos), vai seguir a determinação de seu partido que, segundo nota, orientou os deputados a votarem os projetos do Refis e do Procred conforme orientação da liderança do governo na CLDF.
“Entendemos que neste momento de crise não podemos fazer jogo político mas sim das todas as condições para o enfrentamento da crise”, disse o presidente regional da sigla, Wanderley Tavares. Ou seja, Martins Machado também defenderá o governo neste cabo de guerra. PT e PSol estão puxando a corda para o outro lado. Mas a expectativa mesmo é saber para que lado vai pender a força do Centrão.
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