O ex-secretário nacional de Vigilância em Saúde Wanderson de Oliveira disse, na noite deste domingo (19/7), temer “que estejamos em uma aceleração descontrolada de casos” de Covid-19. O comentário, ao qual o Metrópoles teve acesso, foi feito em um grupo de WhatsApp.
Ao explicar a frase, o epidemiologista considerou a incidência, no país, de casos da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Por falta de testagem, pessoas com Covid-19 podem ter sido diagnosticadas apenas com a SRAG – o número de mortes com causa registrada como “SRAG” aumentou durante a pandemia.
“Considerando a incidência de casos da Síndrome Respiratória Aguda Grave, a tendência é de aumento”, escreveu Wanderson de Oliveira, no grupo de WhatsApp, ao compartilhar ainda uma sequência de gráficos (veja abaixo). Hoje, o país tem mais de 2 milhões de casos e quase 80 mil mortes por Covid-19.
“Considerando que o valor preditivo positivo (VPP) para Covid-19, probabilidade de um indivíduo avaliado e com resultado positivo ser realmente doente, possa chegar a 80%, como em alguns lugares, significa que [estamos na] a linha vermelha de casos estimados de SRAG sejam Covid-19 em todas as regiões praticamente”, disse.
“Apenas a região noroeste (Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Roraima e Rondônia) pode afirmar que esteja em queda efetiva”, prosseguiu o ex-secretário, que era considerado o braço-direito de Luiz Henrique Mandetta no Ministério da Saúde. Wanderson deixou a pasta em 25 de maio, já na gestão do general Eduardo Pazuello.
Veja os gráficos compartilhados pelo epidemiologista:
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“Responsabilidade social”
Em entrevista exclusiva ao Metrópoles, o ex-secretário de Vigilância em Saúde disse que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem uma certa “responsabilidade social” sobre as milhões de mortes causadas pela Covid-19 ao flexibilizar o isolamento social e descumprir recomendações de técnicos.
Wanderson negou que Bolsonaro seja diretamente culpado pelas mortes, mas ressaltou que as medidas adotadas pelo presidente resultaram em um aumento do número de infectados e óbitos pelo novo coronavírus.
“Não digo que tem culpa, porque os atos que ele fez não têm uma relação direta. Compete ao vírus essa responsabilidade da gravidade; não tem tratamento específico, as pessoas que apresentam condições de risco maior têm quadros mais graves… Então, não é uma relação de culpa, é uma relação de responsabilidade social”, comentou.
“É uma questão de dificultar. Por exemplo, se a gente tivesse adotado o distanciamento e o isolamento lá atrás, como nós estávamos planejando, possivelmente a gente estaria em uma situação melhor, com menos complexidade”, acrescentou o epidemiologista.
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