Não é de hoje que Mafalda, a esperta e revolucionária personagem criada pelo cartunista Quino, morto nesta quarta-feira (30), flerta com pautas feministas. Há alguns anos, a menina passou a usar um lenço verde na cabeça em referência aos protestos pelo direito ao aborto na Argentina, com a chancela de seu criador.
Além disso, ela questionou os papéis desempenhados pela mulher no mundo em várias de suas tirinhas, muitas delas integradas a Mafalda: Feminino Singular, lançado em 2018 com o selo argentino Ediciones de La Flor. A edição Brasileira, preparada pela WMF Martins Fontes, chega às livrarias em dezembro.
No prefácio da versão argentina, a escritora Patricia Kolesnicov chama atenção para a personalidade progressista da menina, que sempre teve uma postura questionadora diante do mundo.
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“Até parece que a Mafalda não falaria das mulheres!”, escreve. “Como passaria despercebido que ela não pode ser presidenta (e o Manolito, sim, pode); que sua mãe não tem vida própria – o famoso ‘o que você queria ser se estivesse viva?’ – porque casa e trabalho são a mesma coisa; que o futuro que ela vê, olhando no fundo de bobes de cabelo, começa com o amor romântico e termina na cozinha? Como ela não perceberia isso, se ela é uma garota dos anos 60 e, à sua volta, estão os Beatles e o Vietnã e, de repente, a ‘tendência’ é a metralhadora?”
A escritora ainda lembrou que Quino usou outros de seus outros personagens — como Miguelito, Felipe e até Susanita – para fazer seus leitores refletirem sobre o machismo. “Atento a momentos de mudança social, Quino tem a inteligência de ver o lugar das mulheres, o dos homens, o da família. Como todos os grandes, prediz não por ser vidente, mas porque lê com precisão o mundo que o rodeia. E agora, o futuro chegou.”
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