Avenidas perigosas

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Levantamento divulgado esta semana pela Urbes – Trânsito e Transportes mostra que a avenida Itavuvu é a líder em acidentes com vítimas na cidade. O levantamento inclui 329 ruas e avenidas da cidade Sorocaba.

De janeiro a agosto, segundo a empresa pública, foram registrados nessa via — a mais movimentada da zona norte, uma vez que faz a ligação com muitos bairros e até com a rodovia Castelo Branco — 48 acidentes com vítimas, sendo três deles com mortes.

Em segundo lugar, com 38 acidentes com vítimas, mas sem mortes, aparece a avenida dom Aguirre, que margeia o rio Sorocaba, e na sequência vem a avenida Ipanema, outra via importante, que também teve 38 acidentes no período, também sem mortes.

A avenida Itavuvu, no período da pesquisa, foi a avenida que registrou mais congestionamentos e reclamações de motoristas nos sete primeiros meses do ano por conta das obras do primeiro trecho do BRT, obra concluída no final do mês de agosto naquela região da cidade.

Ela é a primeira em número de acidentes desde que a Urbes iniciou essa pesquisa, em 2012, mas este ano suas condições de tráfego foram atípicas.

As interferências na avenida foram grandes nos últimos meses. Não só foi construída a faixa exclusiva para os ônibus do BRT em toda a sua extensão, como também foram construídos pontos e estações do novo modal de transporte coletivo.

Ao todo foram construídas 12 estações, o que atrapalhou o trânsito e criou situações para que ocorressem acidentes de trânsito.

A Itavuvu tem 14 quilômetros, mas curiosamente, os acidentes com vítimas se concentram no trecho inicial, mais precisamente até o número 500, onde certamente há mais volume de tráfego e muitos pedestres tentando atravessar as vias por conta de empresas e órgãos públicos que funcionam naquela área.

Mas o fato é que os números de 2019 e dos anos anteriores confirmam que a via é bastante perigosa. Em todo o ano passado, a Itavuvu registrou 94 acidentes. Desse total, dois foram com mortes.

Outra avenida campeã de acidentes com vítimas é a avenida Ipanema, também importante acesso à zona norte da cidade.

Essa avenida está passando hoje por obras semelhantes às realizadas na avenida Itavuvu no ano passado, o que exige ainda mais cuidado tanto de motoristas como de pedestres que tentam atravessá-la.

Como este ano foi absolutamente atípico, principalmente no período pesquisado pela Urbes — de janeiro a agosto — por conta da pandemia do novo coronavírus e do período de quarentena, com períodos de pouco trânsito na cidade, era de se esperar uma queda forte no número de acidentes de trânsito nas cidades.

Os números de várias pesquisas divulgadas recentemente, entretanto, mostram que não ocorreram grandes alterações.

A quarentena afetou mais o movimento nas estradas. Nos períodos mais rigorosos do isolamento social, nos meses de abril e maio, por exemplo, caiu bastante o movimento nas rodovias, inclusive com a interrupção de muitas linhas de ônibus intermunicipais.

Essa queda de movimento e consequente diminuição de acidentes foi registrada por pesquisa da InfosigaSP. Essa pesquisa analisou dados de janeiro a setembro de 2020 das rodovias que cortam a área urbana de Sorocaba — a rodovia Senador José Ermírio de Moraes, a Castelinho, e a rodovia Raposo Tavares — e constatou que houve uma redução de 15,68% no período de janeiro a setembro de 2020 em comparação com o mesmo período do ano passado.

Foram 113 mortes em acidentes neste ano ante 134 no ano passado no mesmo período. Se o número deste ano for comparado com os primeiros dados levantados pela InfosigaSP, em 2015, primeiro ano da pesquisa, a queda foi ainda maior, de 28,03%.

A maior parte das mortes nas estradas que cortam Sorocaba ocorreu por atropelamento (74 casos), seguidos por colisões (62).

O governo estadual informa que medidas operacionais de engenharia ajudaram a reduzir a gravidade dos acidentes, enquanto especialistas de trânsito afirmam que as duas rodovias são duplicadas e estão em bom estado de conservação.

Mas é inegável que a queda de movimento durante um certo período também contribuiu para a redução de acidentes com mortes.

Sorocaba ainda terá nos próximos meses vários corredores em obras para a implantação do BRT. Terminado o eixo da avenida Ipanema, outros virão, alguns deles bastante movimentados, como é o caso das avenidas General Carneiro/Armando Pannunzio.

Essas intervenções vão exigir ainda mais atenção de motoristas, motociclistas e principalmente pedestres para não alimentar as estatísticas de vítimas do trânsito.

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