O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) formou maioria nesta quinta-feira (28/10) pela cassação de mandato político por disseminação de conteúdo falso sobre urnas eletrônicas. O deputado estadual Fernando Francischini (PSL-PR), do Paraná, transmitiu uma live pelas redes sociais no dia das eleições, em 2018, alegando que os equipamentos não estavam registrando votos adequadamente. Ele foi eleito com 427 mil votos, recorde histórico no estado, resultando em mais sete vagas para o partido na Assembleia Legislativa.
O julgamento,Foi decidido com placar de 6 a 1, deve ser um marco indicando um posicionamento a ser seguido em casos semelhantes às fake news. Também é entendido como um recado do TSE sobre a reação da Corte a ataques ao sistema eleitoral.
Quando Francischini fez a transmissão, ele ocupava o cargo de deputado federal. A decisão caminha para ter desfecho inverso ao do julgamento no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), que absolveu o deputado, acatando a alegação da defesa de que não era possível mensurar o impacto no resultado da votação.
Delegado
Procurado via assessoria de imprensa, o deputado quis não falar sobre o assunto. Francischini é delegado da Polícia Federal e ganhou notoriedade com a prisão do traficante colombiano Juan Carlo Abadia. Foi deputado federal por dois mandatos e também secretário de Segurança Pública do Paraná, e estava no comando da operação durante o confronto da Polícia Militar com professores, que terminou com 213 feridos em abril de 2015. É pai do deputado federal Felipe Francischini (PSL-PR).
Embora a Justiça Eleitoral tenha analisado, em outras instâncias, e de forma pontual, processos sobre desinformação e urnas eletrônicas, o julgamento de Francischini é o primeiro caso concreto, em última estágio, com julgamento de mérito analisado pela Corte. Assim, é interpretado por juristas como um balizador das decisões futuras sobre a temática “O julgamento vai passar a mensagem de que não se pode mais brincar com um sistema que é comprovadamente seguro”, avalia Carla Karpstein, advogada especialista em direito eleitoral.
Efeito prático
Caso a cassação se confirme, os votos dados a Francischini podem ser anulados. Isso levaria à perda de mandato dos demais deputados estaduais que foram eleitos pelo coeficiente eleitoral – e também uma expressiva redução na bancada do PSL, que deixaria de ser a maior da Assembleia Legislativa do Paraná.