Obstetra de parto em homem trans diz que gravidez foi de baixo risco

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São Paulo – O ginecologista e obstetra Emmanuel Nasser, que atua no Ambulatório para Pessoas Trans e Travestis, da Unidade Básica de Saúde Santa Cecília, em São Paulo, cuidou da gestação de Lourenzo Gabriel e também participou do parto de Apolo, na quinta-feira (9/12).

O médico contou ao Metrópoles que foi a primeira gravidez trans que a equipe médica especializada no público LGBTQ+ acompanhou. No entanto, apesar de ter sido um caso inaugural no ambulatório, Nasser explicou que a gravidez em pessoas trans é totalmente saudável e de baixo risco.

Nossos olhos estão acostumados a ver pessoas geralmente do gênero ou do estereótipo feminino gestando. Mas para gestar é preciso apenas um útero e um ovário. Se você tiver esses órgãos, você vai conseguir seguir com a gestação como aconteceu com o Lourenzo”, disse o médico.


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Segundo o especialista, Lourenzo e Isis não estavam sob efeitos de hormônios, o que poderia motivar um cuidado maior. “A gestação foi espontânea, então indicamos vitaminas e fizemos os exames preconizados pelo Ministério da Saúde”, contou Emmanuel.

“Quando eu fiz ginecologia obstetrícia, a cadeira da faculdade se chamava saúde da mulher e depois de alguns anos de formado eu segui a gestação de um homem trans. Então é um processo de evolução e desconstrução. Para que nós possamos evoluir enquanto pessoas, enquanto sociedade, nós precisamos desconstruir esses padrões que nos ensinam”, afirmou Emmanuel.

Hormonização

De acordo com o médico, o ambulatório costuma acolher pessoas trans que buscam fazer a hormonização. O uso de hormônios é feito para conferir ao paciente características – como massa muscular, pelos, voz entre outras – de acordo com o gênero que a pessoa busca afirmar.

Gravidez em pessoas trans

É a hormonização ainda que vai definir a conduta médica em casos de gravidez em pessoas trans. Se a concepção do feto ocorrer em um período que os pais não estejam usando hormônios, como foi o caso de Lourenzo e Isis, a gestação é de baixo risco e tem o acompanhamento tradicional.

No entanto, se a gravidez acontecer em meio a terapia hormonal é necessário interromper o uso dessas substâncias e monitorar a gestação mais de perto.

Os hormônios podem causar abortos e prejudicar o desenvolvimento do feto, por isso a recomendação para pessoas trans que desejam planejar uma gravidez é suspender a hormonização e regularizar os ciclos menstruais. 

Pessoas Trans e o SUS

A terapia hormonal é oferecida gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e deve ser feira com acompanhamento profissional para evitar efeitos colaterais.

Em São Paulo, esse atendimento é feito pela iniciativa Sampa Trans. “O município de São Paulo tem uma rede organizada com mais de 32 unidades de saúde voltadas para o acolhimento e seguimento de pessoas trans e travestis”, explicou o ginecologista. 

No site da Secretaria Municipal de Saúde, é possível conferir os locais de atendimento de acordo com a região da cidade.

Precisamos entender que existem realidades diferentes da nossa e precisamos estar abertos para acolher o próximo. O profissional de saúde que está engessado em dogmas próprios não está pronto para fazer esse trabalho”, disse Nasser.

 

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