Goiânia – Desde o final do mês de dezembro a chuva não tem dado trégua em Goiás. O volume de água se intensificou bastante às vésperas do Natal e provocou diversos transtornos nas cidades goianas. Comunidades inteiras ficaram ilhadas na zona rural, estradas estão com atoleiros, rios transbordaram, pontes estão comprometidas e até a travessia por barco é considerada perigosa em alguns pontos.
As cidades turísticas não foram poupadas. Municípios na região da Chapada dos Veadeiros – como Alto Paraíso e Cavalcante, além de outros como Pirenópolis, Corumbá de Goiás e a antiga capital do estado, cidade de Goiás, estão sofrendo com o aumento impressionante no volume das águas, principalmente de córregos, rios e cachoeiras.
O pior é que a meteorologia prevê que as chuvas intensas continuarão castigando o estado pelo menos até a quinta-feira (13/1).
Estado de emergência
De acordo com o Governo de Goiás, até esta quarta-feira (12/1), 16 municípios seguem em estado de emergência em razão do período chuvoso. A última cidade a entrar na lista de mais afetadas pelas chuvas foi Nova Roma, município da Chapada dos Veadeiros. Outros 14 municípios do nordeste goiano, estão em estado de emergência desde o final de dezembro.
São eles Alto Paraíso, Colinas do Sul, Teresina de Goiás, Cavalcante, Monte Alegre, Campos Belos, Divinópolis, São Domingos, Iaciara, Formoso, Niquelândia, São João d’Aliança, Guarani de Goiás e Flores de Goiás.
Além disso, problemas têm sido registrados em praticamente todo o estado, em municípios como Montes Claros de Goiás, São Luís de Montes Belos, Ipiranga de Goiás e Inhumas. Os registros são de córregos e rios transbordando, cobrindo pontes, causando estragos e levando medo aos moradores.
Nem a própria capital está livre de problemas. No último final de semana, as chuvas levaram à subida do Rio Meia Ponte. Com o grande volume de água, ficou comprometido o encabeçamento da ponte sobre o rio na GO-020, que liga Goiânia a Bela Vista de Goiás. A pista ficou interditada ao longo da segunda-feira (10/1), só sendo liberada na manhã seguinte.
Pirenópolis e Corumbá
As chuvas também atingiram a cidade turística de Pirenópolis, a cerca de 130 km da capital goiana e a 140 km de Brasília. As cenas são de alagamentos na região. O Rio das Almas, que corta o centro histórico, aumentou seu nível nesta terça-feira (11/1) e está assustando moradores. As águas já chegaram até a Rua do Lazer, uma das principais da cidade, conhecida por seus bares e restaurantes.
A Coordenadoria Municipal de Defesa Civil emitiu uma nota de alerta recomendando a proibição da entrada de visitantes em pontos turísticos como cachoeiras, balneários e acampamentos, durante o período de chuvas intensas.
Veja vídeo:
Segundo o órgão municipal, há o risco do fenômeno conhecido como “cabeça d’água” e “tromba d’água”, que é quando uma grande quantidade de água acumulada desce o rio, causando enchentes repentinas, com forte correnteza.
Esse foi o mesmo fenômeno registrado em Corumbá de Goiás. A administração do local calcula em 10 vezes o acréscimo de volume da correnteza no local. O lugar, que pode ser visualizado das margens da BR-414, fica a 120 km de Brasília e a 130 km da capital goiana. Apesar da beleza impressionante da força da corrente, o parque que dá acesso ao salto precisou ser fechado, por questão de segurança. A cheia da cachoeira só pode ser observada à distância.

Beleza da cheia do rio Corumbá pode ser observada só de longe
Pedro Pio

Cenário de Corumbá mudou após chuvas intensas
Pedro Pio

Volume da água aumentou cerca de dez vezes em Goiás
Pedro Pio

Parque foi fechado e foi proibida e entrada no rio
Pedro Pio

Força da água impressiona quem passa pelo Salto Corumbá
Pedro Pio

Cenário do Salto de Corumbá mudou após chuvas intensas
Salto Corumbá/Pedro Pio

Rio das Almas, que corta Pirenópolis, transbordou
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Vídeos nas redes sociais mostram ponte em Pirenópolis coberta de água
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Estrutura de madeira da cachoeira do Abade em Pirenópolis foi coberta pela água
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Cheia do rio em Pirenópolis atinge a Rua do Lazer
Reprodução
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As imagens do salto cheio impressionam ainda mais quando se compara a cachoeira antes e depois da cheia. As pedras do ponto turístico ficaram completamente escondidas debaixo da água escura.
A administração do Salto Corumbá informou ao Metrópoles que o parque continuava fechado nessa terça-feira (11/1). Apesar da maior cheia ter sido no final de semana, a cachoeira ainda apresenta grande volume d´água.
Rio Araguaia
O trecho do rio Araguaia que havia secado na região conhecida como Viúva, em Nova Crixás, a 378 quilômetros de Goiânia, voltou a ter água com as fortes chuvas que caem em Goiás.
A reportagem do Metrópoles esteve no local em setembro de 2021, no auge da seca e iminência de crise hídrica no Brasil, e constatou in loco a situação de um rio seco, na terra fofa, numa área extensa e larga, onde antes corria água e havia muito peixe.

Hoje, local voltou a ter água e só é possível transitar com auxílio de embarcação
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Nível do rio subiu rapidamente, com as chuvas, e alagou pontes e vias de acesso às margens
Reprodução

Local, agora, em janeiro, com índices altos de precipitação no oeste goiano
Reprodução

O mesmo lugar, na região da Viúva, agora, com a chegada das chuvas
Reprodução

Reprodução

Agora, em janeiro, água alagou até as margens do rio
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Região da Viúva, em Nova Crixás (GO), em janeiro de 2022
Reprodução

Antes, em setembro de 2021, e o depois, agora em janeiro de 2022, no trecho que havia secado no Rio Araguaia
Vinícius Schmidt/Metrópoles e Reprodução
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À época, proprietários de imóveis e ribeirinhos da região se mostraram preocupados com o quadro de seca severa, que atingiu níveis inéditos em 2021. No entanto, neste mês de janeiro, com as fortes chuvas que caem no oeste goiano e em toda a região do Vale do Araguaia, o cenário no rio, que é um dos mais famosos do Centro-Oeste, é oposto ao que se viu quatro meses atrás.
O nível do rio subiu tanto, em alguns trechos, que transbordou, ultrapassou pontes e vias de acesso à margem. Ribeirinhos acostumados a pilotar embarcações e percorrer o rio em canoas enfrentam, agora, a dificuldade de acesso aos locais seguros para navegar.
Região da Chapada dos Veadeiros
Em decorrência das chuvas, uma cratera se abriu na GO-118, que liga Alto Paraíso de Goiás a Teresina de Goiás. O km 222 da rodovia chegou a ficar completamente interditado, pois foi engolido por uma erosão de aproximadamente 30 metros. Apesar das chuvas continuarem, o trecho já teve o tráfego parcialmente liberado em meia pista para veículos leves. Os trabalhos de restauração continuam sendo feitos no local.

Rodovia GO-118 teve deslizamento após fortes chuvas
Governo de Goiás

Alimentos e água são levados em canos para comunidades isoladas
Arquivo pessoal

Casa destruída em comunidade de Monte Alegre de Goiás
Reprodução

Morador atravessa estrada inundada com cestas básicas no tambor
Arquivo pessoal

Diretora de escola, Bia Kalunga usa canoa para visitar comunidade vizinha
Bia Kalunga

Moradores colhem milho com canoa em Monte Alegre de Goiás
Arquivo pessoal

Helicóptero é usado para resgate e distribuir cestas de alimentos
CBMGO

Bombeiros e voluntários fazem corrente humana para levar mantimentos
CBMGO
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Em Niquelândia, também na região nordeste, duas embarcações que faziam a travessia do povoado de Muquém foram levadas, e os bombeiros conseguiram recuperar uma.
Em um trecho de rodovia que liga as cidades de Estrela do Norte e Mutunópolis, uma galeria pluvial rompeu e uma cratera foi formada. Já uma ponte entre Santa Teresa de Goiás e Formoso precisou ser interditada por causa do nível do rio.
Em resposta ao Metrópoles, a Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes (GoInfra) informou que foi colocado em prática o plano de contingência para atender às emergências causadas pela força das chuvas volumosas e constantes que caem em Goiás.
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