Moradores deixam morro em Petrópolis: “Não dá para arriscar a vida”

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Rio de Janeiro – Enquanto os moradores se apressam para deixar o Morro da Oficina, em Petrópolis, região serrana do Rio, Ronaldo Alexandre, 67, residente na área há 53 anos, se recusa a sair de sua casa – mesmo em meio aos riscos de desabamento após as fortes chuvas deste domingo (20/3), que resultaram em pelo menos seis mortos.

Caseiro há 11 anos em uma residência do bairro, ele diz que não tem como abandonar o endereço: “Estou aqui por causa do meu emprego. Minha esposa foi morar em Volta Redonda, interior do Rio, com minha filha, mas eu não posso sair agora. Sou aposentado, mas tenho meu trabalho”, disse ao Metrópoles.


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Mesmo apreensivo, o idoso que conhecia Carmelo de Souza e Jussara Berlarmino Souza, mortos após o desabamento de uma casa nessa área na noite de domingo (20/3), não sairá de lá. “Medo eu tenho, está tudo condenado. Mas só devo sair daqui no final do ano”, planejou.

O Morro da Oficina foi interditado parcialmente pela Defesa Civil Municipal já na chuva passada, em fevereiro, quando mais de 250 pessoas faleceram com as enchentes na cidade imperial. Agora, com a nova tragédia, outros moradores decidiram sair de vez.

“Um mês e meio se passou e as autoridades não fizeram nada, por isso que aconteceu tudo de novo na cidade”, disse o consultor de vendas Marcelo Luiz, 29, ao Metrópoles.

Ele é nascido e criado na região, saiu por um tempo para morar de aluguel com a mulher, Natália Passos, 22, e há cerca de um ano voltou para a casa que era de sua mãe. Desde o mês passado, eles estão à espera do aluguel social e se abrigaram na residência da mãe da esposa.

“Desde o ocorrido, estamos nessa de vai e volta, mas até agora não saiu o aluguel social. Estamos de mãos e pés atados, infelizmente. Agora vou voltar para minha sogra, porque não tem como ficar arriscando as nossas vidas”, contou o consultor de vendas.

Nervosa, a estudante de direito, que passou a morar na região há apenas um ano, se via apreensiva com a situação. “Estamos com muito medo, é desesperador”, disse Natália. “Quando a sirene toca, ficamos desesperados”, completou Marcelo.

Enquanto o casal descia o morro com uma mochila nas costas, outros moradores subiam apenas para buscar alguns pertences. “Passamos a noite no abrigo. Eu, minha esposa, minha filha e minha sogra. Viemos buscar alguns documentos e os remédios da minha sogra, que já é senhora e não pode ficar sem”, disse Marlon Câmara, 47, acompanhado da esposa Michele Melo, 40, ambos técnicos de enfermagem.

Os dois moravam no Morro da Oficina havia mais de 20 anos e estão abrigados no colégio Santo Antônio.

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