PCDF: Produtor musical é indiciado por receptação na Operação Huracán

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A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) indiciou, pelo crime de receptação, um produtor musical investigado no âmbito da Operação Huracán. A ação desmantelou, em 21 de março deste ano, um esquema criminoso envolvendo rifas clandestinas e lavagem de dinheiro, e que rendeu milhões de reais ao youtuber Kleber Rodrigues de Moraes, conhecido na internet como Klebim.

As apurações conduzidas pela Divisão de Repressão a Roubos e Furtos (DRF) apontam que Klebim seria o líder da organização criminosa e teria utilizado uma empresa de publicidade de fachada para adquirir o veículo Ferrari modelo 458 Spider, apreendido no dia da operação.

Parte significativa dos valores utilizados na aquisição do carro – cerca de R$ 640 mil – passaram pelas contas da empresa de fachada, com o objetivo de ocultar a origem dos recursos, que, na verdade, eram provenientes das rifas ilegais. Por esse motivo, a PCDF pediu o sequestro do automóvel, medida que foi deferida pelo judiciário.

Veja fotos da operação:


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Receptação

O carro foi alvo de sequestro judicial na casa do produtor musical, no Lago Sul, e encontra-se apreendido desde o dia da operação. O aprofundamento das investigações mostrou que o produtor adquiriu o veículo sabendo que se tratava de produto de crime de lavagem de dinheiro, o que caracteriza delito de receptação.

Novos elementos colhidos na investigação mostraram que Klebim detalhava o esquema da lavagem para o produtor musical, que também era seu empresário. O influenciador digital comprou o automóvel de uma loja de veículos de alto luxo em Goiânia, com pelo menos oito cheques de uma empresa de publicidade de fachada. O valor pago foi de R$ 2,3 milhões.

Em seguida, o carro foi vendido para o produtor musical, que, até a operação policial, pagou para o líder da organização criminosa R$ 1,6 milhão.

A operação

As apurações da Operação Huracán apontaram que o influenciador digital utiliza seus perfis nas redes sociais para promover e realizar sorteios de veículos de luxo, com sofisticados sistemas de som e customização. Klebim e outros três alvos foram presos temporariamente pelos crimes de lavagem de dinheiro e exploração de jogos de azar.

Apenas no Instagram, Klebim tem cinco perfis: o pessoal, com 1,7 milhão de seguidores; Estilo Dub (1,4 milhão); Guincho Dub (12,5 mil), Dub Shop (119 mil) e Dub House (332 mil). Ele ainda mantém um canal no YouTube com 1,27 milhão de inscritos. Já no TikTok, o número é de 1.207. O total de seguidores em todas as redes alcança a marca de 4,8 milhões.

Veja quem é o influencer Klebim Moraes:


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Lavagem de dinheiro

De acordo com as investigações, os sorteios não são autorizados pelos órgãos competentes, e o youtuber não paga impostos. Klebim, segundo a polícia, lava o dinheiro dos sorteios com a aquisição de veículos superesportivos, que são registrados em nome de laranjas – incluindo a mãe do influenciador – e empresas de fachada.

Além de Klebim, foram presos, acusados de integrar o esquema criminoso, Pedro Henrique Barroso Neiva, Vinícius Couto Farago e Alex Bruno da Silva Vale. Todos teriam ajudado a movimentar as rifas clandestinas e auxiliado na entrega dos veículos, por isso recebiam comissões em dinheiro pagas pelo influenciador digital.

A DRF identificou que o esquema era altamente lucrativo e apurou que os criminosos movimentaram R$ 20 milhões em apenas dois anos. Para se ter ideia do poder de compra de Klebim, a polícia apreendeu uma Lamborghini Huracán e a Ferrari 458 Spider. Os superesportivos são avaliados em R$ 3 milhões cada.

Veja carrões do youtuber:


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Caminho do dinheiro

A polícia mapeou o caminho dos milhões amealhados com a venda das rifas. Os valores eram pagos por meio de plataformas digitais, como Mercado Pago e PayPal, e caíam diretamente na conta das empresas de fachada.

De acordo com o diretor da DRF, delegado Fernando Cocito, “o conluio criminoso era descarado” e capitaneado por influenciadores digitais que arrastavam milhares de seguidores, com o discurso de legalidade e lucratividade das rifas de veículos.

“Os presos influenciaram dezenas de outros contraventores que, em toda a Região Centro-Oeste do país, passaram a disseminar perfis, canais e sítios eletrônicos de rifas ilegais e a ocultar valores oriundos da contravenção, em prejuízo da ordem econômica e do sistema financeiro”, afirmou.

Rifa clandestina

A rifa clandestina é prática ilegal, de acordo com o Ministério da Economia, órgão responsável por regrar e fiscalizar loterias e jogos de azar no país.  Segundo a pasta, ainda que o dinheiro da rifa sirva para bancar projetos de veículos – ou seja, total ou parcialmente direcionado para caridade –, a prática é considerada clandestina e irregular.

A legislação permite sorteios e rifas com venda de cotas apenas para instituições filantrópicas e mediante autorização especial; nesse caso, os sorteios devem ser realizados necessariamente via Loteria Federal. O órgão informa que “a exploração de bingos, loterias e sorteios é atividade ilegal e constitui contravenção penal”, além de consistir em um “serviço público exclusivo da União”.

Por meio de nota, o ministério informa que, se houver comprovação de prejuízos a qualquer participante, poderá ser configurado ilícito penal ou, “no mínimo”, lesão ao consumidor.

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