Considerada uma das prioridades para o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a área da Saúde será repleta de desafios para a gestão que se inicia em janeiro de 2023.
Após quatro anos marcados por crises no Ministério da Saúde durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL), a equipe de Lula deve focar, entre outras prioridades, em restabelecer a cobertura vacinal no país.
Os índices estão em queda desde 2015. Durante o governo Bolsonaro, no entanto, o discurso negacionista contra a eficácia de vacinas, especialmente contra a da Covid-19, reacendeu os alertas para os números da cobertura no país.
Dados coletados pelo Metrópoles via sistema DATASUS apontam apontam que, em 2022, todas as vacinas do calendário vacinal infantil tiveram cobertura menor que 80%. A meta estabelecida pelo Ministério da Saúde é de cobertura de ao menos 90%. Os dados do último ano são preliminares, mas já demonstram a necessidade de alerta.
Pontos de alerta
Entre os índices de vacinação que mais preocupam, estão o do imunizante contra a poliomielite. De acordo com o DATASUS, desde 2016 a cobertura contra a doença está abaixo de 90%. Naquele ano, o índice ficou em 84,43%.
A taxa chegou a ter um leve aumento em 2019, quando ficou em 89,54%. No entanto, teve reduções sucessivas e ficou em 65,34% em 2022.
Outra doença que também segue no radar da comunicade médico científica é o sarampo. Em 2021, a cobertura vacinal da tríplice viral (que protege contra sarambo, caxumba e rubéola) ficou em 74,84%. No ano passado, o índice foi de 70,52%.
Veja queda da cobertura vacinal ao longo dos anos:
Prioridades
Em reunião com membros do Conselho Nacional de Saúde (CNS), o médico Arthur Chioro, coordenador da Saúde na transição de governo, listrou ao menos 16 pontos de emergência que deverão ser foco da gestão em 2023.
Entre itens como orçamento, controle de doenças transmissíveis e emergências em saúde, estão o Programa Nacional de Imunizações (PNI) e a vacinação contra a Covid-19.
“Espero que a nova equipe (do Ministério da Saúde) tenha juízo de olhar esse material. Trabalhem como uma oferta que possa orientar o enfrentamento, porque é um trabalho muito sério e merece ser considerado”, afirmou Chioro durante a reunião.

Inicialmente, apenas a
população de imunocomprometidos poderia receber a segunda dose de reforço contra a Covid-19 no Brasil
Reprodução/Agência Brasil

Em dezembro de 2021, Israel tornou-se o primeiro país a anunciar a aplicação da quarta dose da vacina contra a Covid-19 no mundo. Segundo o governo, o reforço ajudaria a nação a superar uma potencial onda de infecções pela variante Ômicron
Agência Brasil

No início de 2022, o país começou a oferecer a quarta dose da vacina Pfizer/BioNtech para pessoas com mais de 60 anos e profissionais da saúde
Agência Brasil

Segundo estudo realizado em Israel, a quarta injeção em pessoas com mais de 60 anos as tornou três vezes mais resistentes ao coronavírus
Agência Brasil

O Chile e a Turquia também iniciaram a aplicação da segunda dose de reforço na população acima dos 60 anos
Agência Brasil

Os ministros da Saúde da União Europeia foram orientados, em janeiro deste ano, a se prepararem para distribuir a quarta dose do imunizante assim que os dados mostrarem que ela é necessária
Agência Brasil

No Brasil, nota técnica do Ministério da Saúde, emitida em dezembro de 2021, recomendou que, a partir de quatro meses, a dose fosse aplicada em todos os indivíduos imunocomprometidos, acima de 18 anos de idade, que receberam três doses no esquema primário
Agência Brasil

Em 20 de junho, a recomendação abrangia toda a população com 40 anos ou mais
Agência Brasil

Em Volta Redonda (RJ) e Botucatu (SP), as prefeituras ampliaram a quarta dose para idosos acima dos 70 anos, pois todos os óbitos registrados nas cidades ocorreram nessa faixa etária
Agência Brasil

Desde então não houve redução da faixa etária
Agência Brasil

Estados como Amazonas, Bahia, Ceará, Rio de Janeiro e São Paulo diminuíram a faixa etária por conta própria e hoje vacinam todos os adultos com 18 anos ou mais
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Em maio, o Ministério da Saúde passou a recomendar a aplicação do segundo reforço nos idosos com 60 anos ou mais
Agência Brasil
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A preocupação com a cobertura vacinal também foi destacada pela nova ministra da Saúde, Nísia Trindade, ex-presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), na data em que teve seu nome anunciado pela equipe do novo governo.
“Vamos estabeleccer uma meta de vacinação para todas as faixas etárias com a visão de recuperar a cobertura vacinal no Brasil. Para isso, vamos fortalecer o programa de imunizações com a perspectiva de sere um esforço que vai além da saúde”, afirmou.
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