Oposição quer resgatar PEC do PT após Lula negar lista tríplice à PGR

0
155

A fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o critério para a escolha do novo procurador-geral da República deve reviver, no Senado Federal, uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) parada desde 2019. Recentemente, o chefe do Executivo afirmou que não pensa mais em seguir a lista tríplice para escolher o sucessor de Augusto Aras, que deixará o Ministério Público Federal (MPF) em setembro.

“Eu não penso mais em lista tríplice. Esse não é mais o critério que eu pensava, porque, quando eu vim para a Presidência, eu trouxe a minha experiência do sindicato. Então, tudo para mim era essa lista tríplice. (Mas) Já está provado que nem sempre a lista tríplice resolve problema”, disse Lula, na quinta-feira (2/3), em entrevista a Reinaldo Azevedo, na BandNews.

Lula chegou a sugerir que a votação do PGR entre procuradores deveria ocorrer em dois turnos, visto que a soma dos derrotados poderia ultrapassar a quantidade de votos do primeiro nome.

O Metrópoles apurou que a afirmação de Lula sobre a escolha do novo representante do MPF não repercutiu positivamente entre senadores de oposição ao governo. Os parlamentares devem pressionar o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), a retomar o trâmite da PEC 52/2019 cuja autoria é, inclusive, de um senador petista: Fabiano Contarato (ES).

“O respeito a lista tríplice é o respeito às instituições”, enfatizou o líder do PL no Senado, Carlos Portinho (RJ).

O senador Carlos Viana (Podemos-MG) acredita que a PEC é o caminho para uma PGR com atuação mais isenta. “Penso que não só a PGR, mas também para os ministros do Supremo Tribunal Federal, nós deveríamos ter uma regulamentação, uma nova lei que permitisse apenas a indicação de ministros técnicos, dos nomes mais antigos, ou mesmo que sejam escolhidos entre os colegas e as Cortes. Isso tornaria a PGR e o STF muito mais isentos, equilibrados e próximos de uma decisão que seja isenta”, defendeu.

A matéria foi apresentada por Contarato ainda em abril, meses antes de Bolsonaro descumprir o protocolo e anunciar o nome de Augusto Aras, que não estava na relação pré-definida, para o cargo de PGR. O ato do ex-presidente pôs fim a uma tradição inaugurada pelo próprio presidente Lula em 2003, no seu primeiro mandato.

Em síntese, a PEC em questão altera o artigo 128 da Constituição Federal para estabelecer como obrigatória a nomeação do PGR a partir da lista tríplice.

A proposta define que o artigo passe a vigorar com a seguinte redação: “O Ministério Público da União tem por chefe o procurador-geral da República, escolhido e nomeado pelo presidente da República entre integrantes da carreira maiores de 35 anos e indicados em lista tríplice elaborada pelos membros dessa instituição, após aprovação de seu nome pela maioria absoluta dos membros do Senado Federal, para mandato de dois anos, permitida a recondução”.

Apoio petista

A proposta de Contarato desenterrou outra PEC datada de 2013, que acabou arquivada ao fim de 2018. Para isso, contou com o apoio em peso da bancada que, à época, fazia oposição ao governo do então presidente Jair Bolsonaro (PL).

Ao protocolar a matéria, o petista defendeu que “não basta a garantia constitucional de que o escolhido deverá necessariamente ser membro da carreira, a escolha deverá respeitar a indicação na forma da lista tríplice elaborada pelos pares”. “Assim, o procurador-geral da República terá ainda mais legitimidade para conduzir a instituição”, enfatiza.

Ainda de acordo com o senador, o objetivo da proposta é acabar com o “status de regra meramente consuetudinária” da lista tríplice e dar ao procedimento “estatura constitucional”.

Atualmente, a PEC se encontra parada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa, aguardando designação de novo relator. O último senador designado a relatar a matéria foi o vice-presidente do Senado, Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB).

PEC é pleito da categoria

A PEC 52/2019 é patrocinada pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), que, recentemente, emitiu nota para criticar a decisão de Lula em descumprir a tradição protocolar.

Na ocasião, a entidade defendeu que abrirá diálogo com o governo para demover o presidente da ideia. “Continuamos insistindo que a lista tríplice permite transparência na escolha, somada a uma legitimidade decorrente do processo em si. A ANPR fará a lista, levará ao Presidente e procurará para dialogar”, destacou.

A associação informou, ainda, que vai levar essas preocupações ao presidente da República. “Temos plena confiança de que haverá um diálogo produtivo em torno deste tema”.

The post Oposição quer resgatar PEC do PT após Lula negar lista tríplice à PGR first appeared on Metrópoles.

Artigo anteriorHoróscopo 2023: confira a previsão de hoje (04/03) para seu signo
Próximo artigoPara frente, para trás: 5 posições para fazer sexo no balanço erótico