Disputa entre WTorre e herdeiros de grandes fortunas avança na Justiça

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Uma disputa judicial de mais de RS 122 milhões, que envolve uma das maiores construtoras do Brasil e herdeiros de grandes fortunais, ganhou impulso na Justiça nas últimas semanas. O confronto opõe a WTorre, cujo portfólio inclui obras como o Allianz Parque, em São Paulo, contra três jovens empresários. São eles Bruno Setúbal, herdeiro do Itaú Unibanco, Paulo Torre, filho do fundador da própria construtora (Walter Torre Júnior, que faleceu em 2020), e Dante Cobucci.

A WTorre alega que, há pouco mais de dez anos, investiu, em valores da época, R$ 55 milhões (R$ 122 milhões, em valores atualizados até 2021) para viabilizar o projeto da Vértico II, criada por Setúbal, Torre e Corbucci, em 2012. O trio não é o alvo direto da ação, mas a empresa, sim. Ela pretendia erguer seis shopping centers de alto padrão no interior do Brasil. O negócio, porém, ruiu. Na Justiça, a construtora afirma que arcou sozinha com os prejuízos. Daí, a cobrança judicial. A Vértico II nega.

Até recentemente, havia um pedido de extinção sem que o mérito da ação fosse julgado. Em fevereiro, porém, a juíza Larissa Gaspar Tunala, da 23ª Vara Cível de São Paulo, decidiu que o processo seguirá em frente e nomeou um perito para definir os valores envolvidos no negócio. Esse laudo deve ficar pronto em até três meses.

De acordo com a ação de cobrança movida pela WTorre, representada pelo escritório Warde Advogados, a Vértico II pretendia construir os seis centros de compras em municípios com mais de mais de 100 mil habitantes e com bom poder aquisitivo. As cidades escolhidas foram Bauru, Limeira, Cotia e Itapevi, no interior de São Paulo, além de Araguaína, no Tocantins, e Três Lagoas, no Mato Grosso.

Dos seis shoppings, apenas dois foram construídos. Um deles em Bauru, o Boulevard Shopping (foto em destaque), e outro em Limeira, o Shopping Nações. Mas a rentabilidade de ambos teria ficado aquém do esperado. Os outros quatro, embora não tenham saído do papel, alega a construtora, receberam investimentos para a compra e a preparação dos terrenos, aprovação de projetos, além de gastos administrativos. Tudo somado, diz a WTorre, chega-se aos R$ 122 milhões.

No processo, os advogados da Vértico II, representada pelo escritório Wongtschowski e Kleiman, contestam as alegações. Dizem o contrário. “Embora (a construtora) tente se colocar na posição de prejudicada financeiramente, a verdade não é exatamente essa”, afirmam. “A WTorre, enquanto construtora e principal fornecedora das obras, lucrou milhares de reais e deixou seus sócios amargando prejuízos.”

Em outro trecho da ação, dizem que “afirmar que os negócios se deram como (a Torre) sugere” seria o mesmo que dizer que a “ré entregou um ‘cheque em branco’ e a ela deu poderes indiscriminados para gastar em seu nome”. A seguir, apontam: Ninguém daria a “outrem tamanho poder, mesmo dentro de uma relação parental ou de amizade, sobretudo considerando a expressividade dos montantes envolvidos”.

Para os representantes legais da Vértico II, “não há como concluir que há algum pedido minimamente sustentável, coerente, concatenado em toda a ação”. Eles afirmam ainda que o crédito foi criado, administrado e despendido pela construtora, sem que nunca fossem prestadas contas do uso e da destinação desse dinheiro.

Agora, dizem eles, a WTorre “limita-se a repassar a conta de tudo” o que foi despendido a “seu bel prazer”. Por fim, de acordo com o escritório de advocacia que atua no processo pela Vértico II, as partes envolvidas mantêm contato para tentar resolver a questão extrajudicialmente.

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