Quem foi Alan Turing? Saiba a história do pai da ciência da computação

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Quem foi Alan Turing, o pai da ciência da computação? — Foto: Reprodução/Encyclopedia Britannica

Um dos pioneiros no desenvolvimento da informática, o matemático também foi uma peça fundamental para vitória dos Aliados na Segunda Guerra Mundial. Veja a trajetória.

Alan Turing foi um matemático inglês do século XX cujos feitos foram decisivos para o desenvolvimento dos computadores, notebooks e smartphones. Conhecido como o pai da ciência da computação, Turing desenvolveu um modelo teórico chamado “Máquina de Turing”, que fundamentou a computação moderna. A partir de seus estudos e ideias inovadoras, começaram também os primeiros testes para a implementação da inteligência artificial em máquinas, tecnologia por trás de uma das ferramentas mais discutidas hoje no mundo da tecnologia, o ChatGPT.

Com extensas contribuições teóricas, o trabalho de Turing ajudou também no desenvolvimento dos algoritmos. Além disso, durante a década de 1940, o cientista liderou uma equipe a fim de decifrar códigos criptografados por nazistas. Apesar de seus feitos, Turing sofreu perseguições e teve seu legado silenciado por anos devido à sua sexualidade. Veja, nas linhas a seguir, quem foi Alan Turing e conheça detalhes da trajetória e dos feitos do matemático que revolucionou a história da tecnologia.

Nascimento, carreira e vida privada

Nascido em Westminster, região de Londres, em junho de 1912, Alan Turing desde criança já apresentava um intelecto notável para sua idade. Sua inteligência era percebida inclusive por seus professores. Com 13 anos, começou a mostrar aptidões para os números e para a ciência.

Durante a juventude, estudou matemática com bolsa em Cambridge, onde se formou em licenciatura. Na universidade, ele foi eleito membro da escola após provar o teorema do limite central na sua dissertação. Com o artigo “On Computable Numbers”, apresentou a ideia de uma máquina universal, a qual seria chamada, posteriormente, de “Máquina de Turing”.

Exposição sobre a vida e o legado de Alan Turing no London Science Museum — Foto: Reprodução/London Science Museum/Ank Kumar

Depois da graduação, concluiu seu PhD em Princeton, após alguns anos de estudo em criptologia na universidade americana. O retorno para Cambridge só se daria em 1938, quando ficou responsável por quebrar a criptografia dos alemães em um centro de análise de códigos.

Mesmo após o final da guerra, o britânico continuou suas pesquisas. Na Victoria University of Manchester, ele ajudou a desenvolver a concepção e a construção dos primeiros computadores com programa armazenado na Inglaterra, além de contribuir no estudo sobre biologia matemática com o artigo sobre a base química da morfogênese, prevendo reações químicas oscilantes.

Apesar de sua proeminência no universo acadêmico, Alan Turing era um homem introvertido, bastante reservado e abertamente gay, embora aparentasse sentir cômodo com sua sexualidade numa época que tal comportamento era desaprovado pela sociedade. Ainda assim, a falta de conexões na vida pessoal e profissional o afetou, já que ele não possuía muitas habilidades sociais e nem era bom em manter contatos com seus pares no ramo da ciência.

Automatic Computing Engine foi o primeiro computador digital multifuncional com programas armazenados, inventado por Turing — Foto: Reprodução/Computer History Museum

Legado de Alan Turing

As contribuições de Turing tiveram um profundo impacto no desenvolvimento da tecnologia da informação. A maior e mais conhecida contribuição do teórico foi a “Máquina Universal de Turing”. A ferramenta é capaz de identificar proposições indefiníveis, ou seja, proposições inseridas em um sistema formal de axiomas e fora do espectro de verdadeiro ou falso. Sua ideia incorpora características essenciais do processamento de informações, e a essência da máquina funciona como base para os computadores digitais modernos usados atualmente.

Em 1945, após o fim da guerra, ele desenvolveu o “Automatic Computing Engine (ACE)”, a primeira especificação completa para um computador digital multifuncional com programas armazenados eletronicamente. Três anos depois, a Universidade de Manchester construiu o primeiro computador digital com programa armazenado eletronicamente. Turing atuou como vice-diretor do Laboratório de Computação de Manchester, e sua maior contribuição foi o projeto do sistema de entrada/saída e sistema de programação usado no Ferranti Mark I, o primeiro computador digital eletrônico comercial de 1951.

Já no campo da inteligência artificial, propôs um teste para saber se uma máquina pode ser considerada inteligente ou não. Ele sugeriu que o cérebro humano é, em grande parte, um computador digital e criou o “Teste de Turing” para verificar se um computador artificial poderia pensar como uma pessoa. O ChatGPT reanimou o debate sobre a possibilidade de acertar os componentes do teste recentemente.

Bombe foi a máquina usada por Turing e sua equipe para interceptar e decodificar mensagens nazistas — Foto: Ian Petticrew Geograph/Britain and Ireland

“Herói” de guerra

Durante a Segunda Guerra Mundial, ambos os lados do confronto usaram diferentes tecnologias para fins militares. A máquina mais expressiva das forças alemãs era a Enigma, uma ferramenta de criptografia avançada, usada para criar mensagens secretas. Para decifrar os códigos, o lado americano formou uma das maiores operações de inteligência militar da história, de codinome Ultra, na qual Turing atuou como líder de uma equipe na Escola de Códigos e Cifras do Governo do Reino Unido em Bletchley Park.

Para vencer a Enigma, Alan e sua equipe criaram o dispositivo eletromecânico denominado “Bombe”. Com o aparelho, mais de 80 mil mensagens da esquadra naval nazista eram interceptadas e decodificas por mês, o que mudou os rumos da guerra. Estima-se que Turing diminuiu o tempo do conflito no Ocidente em mais de dois anos, além de salvar milhões de vidas.

Morte trágica

Embora sua história e seu legado sejam reconhecidos e celebrados hoje, os momentos finais da vida de Alan Turing foram extremamente difíceis. Na década de 1950, as discussões sobre gênero e sexualidade não eram debatidas como hoje e a violência era institucionalizada — a lei britânica condenava homens homossexuais por indecência. Alan Turing foi um dos perseguidos pela legislação.

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