PL das Fake News perde força e deixa centro de debates na Câmara

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Após semanas de intensos debates entre governo e oposição sobre o PL das Fake News no Congresso Nacional, com repercussões em bigtechs e na sociedade, a discussão sobre a matéria perdeu força no Parlamento.

A votação do projeto de lei (PL) 2630/20 foi frustrada e gerou a primeira grande derrota de Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados, e do governo federal no início de maio.

Sob relatoria de Orlando Silva (PCdoB-SP), o texto não conseguiu adesão suficiente para que fosse aprovada na Casa Baixa — eram necessários 257 votos favoráveis.

O texto foi retirado de pauta e, desde a primeira semana de maio, não voltou à lista de matérias apreciadas pelo plenário.

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O PL das Fake News cria a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet. Em linhas gerais, o texto determina que empresas do ramo da tecnologia sejam obrigadas a seguir normas para evitar o compartilhamento de discursos de ódio e informações falsas na internet.

Além disso, o projeto busca exigir que as plataformas divulguem relatórios de transparência e sejam responsabilizadas por danos oriundos de publicações realizadas nas redes.

Ajustes

Procurado pelo Metrópoles, o deputado Orlando Silva, que relata a matéria, afirmou que tem feito ajustes no texto. “As negociações seguem bem. Sigo me reunindo com parlamentares e bancadas”, afirmou.

De acordo com o parlamentar, o objetivo debater com colegas para “aperfeiçoar o texto”. Apesar de ter estacionada na Câmara, a matéria deve ganhar relatório atualizado ainda antes do segundo semestre, assegura Orlando.

Fatiamento

Nesta semana, em entrevista a uma rede de televisão, Lira admitiu que o “fatiamento” do projeto seria uma alternativa para que trechos fossem aprovados.

Segundo o deputado, tramitam na Câmara outros projetos com temas que estão incluídos no texto das Fake News. É o caso do PL 2370/19, da deputada Jandira Fhegali (PCdoB-RJ).

O texto regulamenta a publicação de conteúdos artísticos protegidos por direitos autorais nas redes sociais e garante remuneração aos artistas — tema que também está presente no PL das Fake News. Nas últimas semanas, um requerimento pedindo a urgência da pauta, que tem relatoria de Elmar Nascimento (União-BA), foi apresentado, mas não chegou a ser votado.

“Penso que o caminho do projeto vai ser o fracionamento dele. Nós estamos aí na discussão da remuneração dos meios de comunicação e dos direitos autorais, do deputado Elmar Nascimento, numa conjunção de vários projetos na casa, para ter um texto adequado, para a gente resolver esse problema”, afirmou Lira à Globo News.

Oposição vê pouca chance de aprovação

Lideranças ligadas à oposição, ouvidas sob reserva pelo Metrópoles, avaliaram que a íntegra do texto “dificilmente voltará à pauta” da Câmara, pelo menos por enquanto. “Praticamente impossível”, ressaltou um deputado. Na avaliação dos parlamentares, não haverá adesão suficiente para a aprovação da matéria.

O PL das Fake News encontra rejeição entre siglas bolsonaristas e conservadoras. As legendas consideram que a matéria gera censura e tolhe a liberdade de expressão nas redes sociais. As frentes parlamentares Evangélica; Católica; Em Defesa da Vida e da Família; Contra o Aborto; e Contra a Sexualização de Crianças e Adolescente se posicionaram contra a pauta.

Uma das principais críticas é sobre o trecho que determina a criação de um órgão para fiscalizar as atividades das plataformas. Após reação negativa de parlamentares e empresas do ramo, o dispositivo foi retirado do relatório de Orlando Silva – que ainda discute soluções sobre a criação de uma entidade reguladora.

STF também recua

Em paralelo à discussão no Congresso Nacional, também há o debate sobre a regulação das chamadas bigtechs no Supremo Tribunal Federal (STF).

No entanto, na última semana, o STF decidiu adiar o julgmento sobre o Marco Civil da Internet, norma que regulamenta a responsabilização das plataformas digitais pelo compartilhamento de conteúdo ilícito ou ofensivo por seus usuários.

O Marco Civil da Internet está em vigor desde 2014, aprovado pelo Congresso Nacional e sancionado pela então presidente Dilma Rousseff (PT). Contudo, o julgamento do STF poderá alterar a interpretação de pontos importantes do texto.

A Procuradoria Geral da República (PGR) se posicionou favorável pela responsabilização dos provedores de internet e destacou que conteúdos criminosos não são salvaguardados pela liberdade de expressão.

O adiamento do julgamento acontece, no entanto, a pedido dos relatores das ações. Os ministros Rosa Weber e Dias Toffoli pediram que a sessão para discutir o caso seja marcada para a segunda quinzena de junho em data a ser definida pela Corte.

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