Total de servidores públicos é o menor em 14 anos e chega a 569 mil

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Desde 2009 o número de servidores públicos federais não é tão baixo. Atualmente, a União mantém na ativa 569 mil pessoas. O número é 10% menor que o pico registrado em 2017, quando havia 634 mil trabalhadores no quadro do governo federal.

Os dados fazem parte de levantamento do Metrópoles, com base em dados do Painel de Estatística de Pessoal (PEP), plataforma alimentada pelo Ministério da Economia.

Há 14 anos, a União contava com 562 mil pessoas na força de trabalho. De lá para cá, o número subiu por oito anos consecutivos, até iniciar uma sequência de quedas.

Entidades que defendem o funcionalismo público, como a Confederação Nacional dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), dizem que a não reposição de servidores desestrutura o serviço público.

A principal explicação para a queda é que o governo federal tem feito poucos concursos, e, com isso, as vacâncias não estão sendo preenchidas.

Veja o total de servidores de 2009 a 2022:

  • 2009 – 562.264
  • 2010 – 580.352
  • 2011 – 585.119
  • 2012 – 590.843
  • 2013 – 602.695
  • 2014 – 624.095
  • 2015 – 627.427
  • 2016 – 632.485
  • 2017 – 634.157
  • 2018 – 630.689
  • 2019 – 607.833
  • 2020 – 599.852
  • 2021 – 583.674
  • 2022* – 569.217

*dados do fim de julho

“Esse é o governo que mais promoveu cortes em investimentos no setor público e ficará marcado como pior para servidores e serviços públicos”, frisa a Condsef, em nota.

Os ministérios da Educação (MEC), da Economia, da Saúde e da Justiça e Segurança Pública concentram a maior quantidade de servidores (veja os números ao longo da reportagem).

Neste ano, segundo o Painel de Estatística de Pessoal, 5,7 mil servidores se aposentaram e deixaram o funcionalismo. Em 2021, foram 10,7 mil.

Os ingressos somam 962 servidores por concurso público em 2022. No ano passado, foram, ao todo, 5.067, sendo que o MEC incorporou 3,8 mil servidores.

Veja os órgãos com mais servidores:

  • Ministério da Educação – 293.750
  • Ministério da Economia – 92.342
  • Ministério da Saúde – 69.563
  • Ministério da Justiça e Segurança Pública – 33.336

Outro lado

O Ministério da Economia, responsável pela administração dos servidores públicos, atribui a queda no total de servidores ao que chama de transformação digital.

“Nos últimos anos, houve uma mudança na configuração da força de trabalho, promovida, principalmente, pela ampla transformação digital que vem sendo realizada na administração pública federal”, explica, em nota.

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A pasta admite  a diminuição na taxa de reposição de servidores aposentados, notadamente daqueles que ocupavam cargos de nível médio e obsoletos.

“A redução de pessoal decorre, basicamente, do processo contínuo de digitalização de diversos serviços públicos – são cerca de 4,8 mil serviços disponíveis na plataforma GOV.BR. Desta maneira, a força de trabalho, antes utilizada para muitas atividades operacionais repetitivas, vem sendo direcionada para atribuições mais estratégicas, que valorizem e garantam um atendimento cada vez melhor aos cidadãos”, frisa o governo.

Outro fator que, segundo o ministério,  contribuiu para a redução no quadro de pessoal foi o corte de 21 mil cargos comissionados, funções e gratificações do Executivo Federal desde 2019.

Serviços prejudicados

O consultor do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP), Luiz Alberto dos Santos, defende que a diminuição de servidores é causada pela política de ajuste fiscal.

“A Lei Complementar 173 proibiu concursos até o final de 2021, e neste ano tivemos uma pequena retomada com contratações na Polícia Federal e Rodoviária”, pondera.

Para Luiz Alberto, a situação prejudica a prestação de serviços. “O número de auditores fiscais Federais Agropecuários, da Receita Federa e do Trabalho, por exemplo, é insuficiente e caiu muito, além do corte de recursos”, salienta.

O consultor cita, ainda, a situação do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS),  das universidades, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e das agências reguladoras, que não têm pessoal suficiente.

“Há nove anos não há concurso para cargos como gestor governamental. Tudo isso impede que o Estado formule e implemente políticas, atenda o cidadão e preste serviços”, conclui.

O sociólogo Antônio Carlos Mazzeo, professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), pondera que o governo adotou uma postura frente ao funcionalismo que propicia o que ele chama de desmonte estrutural.

“Quando se desmonta o funcionalismo, se desmonta o Estado também. Quem paga é a população que precisa dos serviços”, acrescenta.

O professor critica a não reposição de servidores, movimento que se acentuou durante a gestão do presidente Jair Bolsonaro (PL). “Querendo ou não existe a necessidade de se repor. O servidor morre, se aposenta, deixar de ser servidor e  fica a vacância. Isso é muito prejudicial”, frisa.

 

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