Candidatos nas eleições de 2022 declararam cerca de R$ 246 milhões em espécie, revela levantamento Metrópoles junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Os dados foram compilados nessa quarta-feira (17/8).
Postulante a deputado federal pelo Rio de Janeiro, o empresário Clébio Lopes Pereira (União), o Jacaré, lidera o ranking geral, com R$ 5,15 milhões em dinheiro vivo. O valor equivale a 32,3% do patrimônio total dele.
Em 2018, Jacaré declarou que possuía R$ 3,9 milhões em bens, sem dinheiro em espécie. Além disso, ele já foi citado em denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) pois uma de suas empresas teria sido usada para desviar dinheiro da Saúde do estado. Além disso, foi investigado por caixa dois nas últimas eleições federais.
Assim como Jacaré, outros 18 candidatos afirmaram à Justiça Eleitoral terem R$ 1 milhão ou mais em dinheiro vivo.
O segundo no ranking é o garimpeiro Rodrigo Cataratas (PL), candidato a deputado federal por Roraima. Ele declarou ter um patrimônio de R$ 33,5 milhões, sendo R$ 4,5 milhões em espécie. O empresário foi indiciado pela Polícia Federal por suspeita de crime ambiental, crime contra a ordem econômica e posse e comercialização ilegal de munição de arma de fogo.
Em seguida está Felipe Duarte (PP), postulante ao cargo de deputado estadual do Rio de Janeiro. Ele declarou R$ 3,5 milhões em dinheiro vivo.
Confira o ranking:
- Clébio Lopes Jacaré – R$ 5.150.000,00
- Rodrigo Cataratas – R$ 4.500.000,00
- Felipe Duarte – R$ 3.580.000,00
- Juraci Tesoura De Ouro – R$ 3.000.000,00
- Chico Machado – R$ 2.710.000,00
- Euclydes Pettersen – R$ 2.550.000,00
- Alex Da Piatã – R$ 2.490.000,00
- Márcio Honaiser – R$ 2.450.000,00
- Leonardo Satler – R$ 2.300.000,00
- Magda Mofatto – R$ 2.100.000,00
- Makoto Sekita – R$ 2.098.763,93
- Ricardo Geranius – R$ 1.900.000,00
- Marx Beltrão – R$ 1.460.000,00
- Adriana Afonso – R$ 1.295.000,00
- Antônio Carlos Da Silva – R$ 1.230.000,00
- Jeová Campos – R$ 1.200.000,00
- Alencar Da Silveira Jr – R$ 1.140.000,00
- Joaquim Lira – R$ 1.100.000,00
- Luciano Vieira – R$ 1.000.000,00
Especialistas em direito penal econômico e empresarial alertam que o dinheiro em espécie facilita o crime de lavagem. Um projeto de lei que limita transações com dinheiro vivo chegou a ser aprovado na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado em outubro passado. A pauta, no entanto, está parada no Congresso. Aguarda a designação do relator na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) da Casa Alta.
A reportagem procurou todos os 19 candidatos que declararam ter mais de R$ 1 milhão em espécie por meio dos e-mails apresentados junto ao TSE.
Líder do ranking, Jacaré afirmou que a legislação “permite ter” dinheiro em espécie “e, se for o caso de ser proibido, sugiro ao Banco Central que pare de imprimir papel moeda”.
Makoto Sekita, que vai concorrer ao cargo de deputado estadual de Minas Gerais pelo PSD, assegurou que “tudo que faço é declarado. Nada mais a dizer”. Ele tem R$ 2,1 milhões em espécie.
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“Sou empresário e meus bens declarados estão de acordo com a minha declaração de imposto de renda, que possui bens e valores adquiridos e acumulados ao longo de anos de muito trabalho. Tenho 59 anos e trabalho desde os 14 anos de idade, e trabalho até hoje, nunca ocupei cargo público, por isso não há o que omitir, ao contrário da maioria dos candidatos que omitem e não declaram seus bens, sendo do TSE a obrigação de fiscalizar”, afirmou, por sua vez, o candidato a deputado estadual do Rio Ricardo Geranius (PSD), que afirmou ter R$ 1,9 milhão em dinheiro vivo.
Já Luciano Vieira (PL-RJ), que disputa uma vaga na Câmara dos Deputados, explicou que todas as informações que prestou à Justiça Eleitoral estão de acordo com a minha última declaração de Imposto de Renda e com a declaração que irei apresentar no ano que vem à Receita Federal, todas cobertas pelo sigilo fiscal.
“Aos 16 anos comecei a trabalhar no ramo de automóveis, hoje, sou um empresário consolidado, vivo dos meus negócios”, prosseguiu.
Os outros 15 candidatos não responderam. O espaço segue aberto.
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