Militante e atuante do Grupo Tortura Nunca Mais, no Rio, Victória Grabois tem uma história de dor com a Guerrilha do Araguaia, violento movimento de repressão da ditadura militar contra integrantes do PCdoB.
Naquele episódio, Victória perdeu o pai (Maurício Grabois), o irmão (André Grabois) e o marido (Gilberto Olímpio Maria). Seus corpos nunca foram encontrados. Estão na lista dos 25 desaparecidos da guerrilha, que ocorreu entre 1973 e 1974.
Morto há duas semanas, o tenente-coronel reformado Sebastião Rodrigues de Moura, o Major Curió, atuou na região e teve atuação decisiva na eliminação, perseguição e tortura dos guerrilheiros comunistas.
Duas semanas antes da morte de Curió, a juíza federal Solange Salgado chegou a intimá-lo para revelar sobre a localização dos corpos dos guerrilheiros. Ele já estava muito mal de saúde.
Ela esteve na audiência recente de familiares do Araguaia com a juíza, que é autora de uma sentença que determina ao Estado brasileiro revelar as circunstâncias das mortes desses militantes e apontar onde estão os seus restos mortais.
Victória Grabois falou ao Blog do Noblat sobre a morte de Curió, a quem classificou como dos maiores algozes do Araguaia e que escapou do banco dos réus e de responder um processo de lesa-humanidade.
“Mais um torturador que morre impune nesse país. Um dos maiores algozes do Araguaia. Um homem que prendeu, torturou, matou, desapareceu e ocultou cadáveres no Araguaia. Nunca foi para o banco dos réus, nunca respondeu a um processo por lesa-humanidade. O Brasil precisa contar essa história. É mais um que se vai sem relatar, sem ter falado nada do massacre da guerrilha. Sou de uma família de desaparecidos do Araguaia. Sou filha de Mauricio Grabois, irmã de André Grabois e mulher de Gilberto Olimpio Maria” – disse Victória Grabois.
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