Líderes nas pesquisas de intenção de voto para o Palácio do Planalto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) estão investindo pesado em agendas de campanha no Sudeste, que concentra os três maiores colégios eleitorais do país: São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. A região concentra 43% de todos os votantes do Brasil.
Não à toa, o Sudeste tem sido a aposta de Lula para desbancar Bolsonaro nas eleições. Ao longo do primeiro mês de campanha, o petista participou de 21 agendas nos estados que compõem a região, segundo levantamento feito pelo Metrópoles.
A pesquisa considerou a data de início de campanha, em 16 de agosto, até o dia 16 de setembro, quando esta reportagem foi finalizada. O levantamento teve como base as agendas divulgadas pelas assessorias dos dois candidatos.
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O estado mais visitado por Lula durante o período foi São Paulo, onde também está concentrado o núcleo de campanha do petista. Foram 15 agendas no estado nesses 30 dias. Na sequência, está o Rio de Janeiro, onde o ex-presidente esteve em quatro oportunidades. Minas Gerais completa a lista, tendo recebido o candidato em duas ocasiões.
Bolsonaro, por sua vez, esteve, no último mês, por 13 vezes na região Sudeste, tendo recorrido mais a São Paulo, onde compareceu em seis oportunidades. Na sequência, está o Rio de Janeiro, que foi visitado pelo mandatário do país cinco vezes. Assim como Lula, Bolsonaro também cumpriu apenas duas agendas em Minas.

Com cenário já definido, são 11 candidatos ao Palácio do Planalto. O primeiro turno das eleições acontece no dia 2 de outubro

Ciro Gomes (PDT) – Após idas e vindas, Ciro Gomes foi registrado como candidato à Presidência da República pelo Partido Democrático Trabalhista

Felipe d’Ávila (Novo) – O partido Novo lançou o cientista político Felipe d’Ávila como candidato da legenda à Presidência da República

Jair Bolsonaro (PL) – A filiação de Bolsonaro ao Partido Liberal colocou o atual presidente na corrida pela reeleição presidencial.

Eymael (DC) – Eymael já era apresentado desde 2020 como pré-candidato do Democracia Cristã (DC) à Presidência

Leonardo Péricles (UP) – Presidente oficial da sigla, Péricles é candidato e vai concorrer ao cargo de presidente do Brasil em 2022

Luiz Inácio Lula da Sila (PT) – O ex-presidente é oficialmente candidato ao Planalto é o principal adversário do atual presidente

Simone Tebet (MDB) – A advogada é candidata à Presidência da República pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB)

Sofia Manzano (PCB) – O nome da professora foi confirmado oficialmente pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB) para concorrer à Presidência

Vera (PSTU) – O Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) escolheu a socióloga como candidata da legenda à Presidência da República

Soraya Thronicke (União) – É advogada, senadora e candidata a presidente pelo União Brasil
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De acordo com a pesquisa Datafolha, divulgada na última quinta-feira (15/9), Bolsonaro perde para Lula em São Paulo, Minas Gerais e no Rio de Janeiro. O instituto indica que Lula atinge 43% de apoio paulista, e acumula desempenho semelhante junto ao eleitorado mineiro e carioca. O levantamento mostrou, porém, que o atual chefe do Executivo federal tem encurtado a diferença entre o petista nas últimas pesquisas.
Nordeste escanteado
Diferentemente de outras eleições, o Nordeste não esteve no mapa dos dois principais candidatos a presidente. Conforme levantamento feito pela reportagem, Lula e Bolsonaro visitaram a região em apenas duas ocasiões, cada. O atual presidente visitou o Rio Grande do Norte e a Bahia, enquanto o petista concentrou sua campanha no Maranhão.
O Nordeste tem o segundo maior colégio eleitoral entre as regiões, concentrando 27% do eleitorado do país e com um histórico vencedor para os candidatos do PT à Presidência.
O Datafolha também mediu a consolidação dos votos dos nordestinos e indicou a tendência de uma nova vitória petista na região. Lula lidera as intenções de voto com 59% dos eleitores dos estados do Nordeste. Por outro lado, Bolsonaro registrou o seu pior desempenho na região, oscilando de 23% na semana passada para 22% no estudo mais recente.
Abaixo, veja quantas vezes Lula e Bolsonaro foram em cada estado brasileiro:
Campanha curta e votos consolidados
Para o cientista político Paulo Loiola, a escolha dos principais candidatos em focar suas respectivas campanhas na região Sudeste decorre da consolidação da vitória petista no Nordeste e da curta agenda de campanha eleitoral, que é a menor desde 1994.
“O voto do Nordeste e o voto do Sul estão consolidados. Lula, em tese, não precisa ir ao Nordeste e Bolsonaro tentou, de várias formas, entrar neste eleitorado e não conseguiu. O presidente entendeu que não seria viável insistir no Nordeste e, diante disso, adequou sua rota”, explica o estrategista político da Baselab.
O analista político Eduardo Galvão acrescenta que o potencial de crescimento dos candidatos está, hoje, concentrado essencialmente no Sudeste. Outro ponto levantado pelo especialista é a defesa dos presidenciáveis pelo voto útil e pela mudança de mentalidade do próprio eleitor.
“Os candidatos tendem a migrar, justamente por esse efeito do voto útil. O eleitor pensa: ‘já que meu candidato tem pouca competitividade, eu vou escolher um dos mais competitivos para que eu não jogue meu voto no lixo, para ter alguma utilidade nessas eleições’. E a região Sudeste, quando você consegue uma estratégia acertada, você consegue ter um efeito muito grande no resultado nas urnas”, avalia o professor de Relações Institucionais do Ibmec Brasília.
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