Cabelos longos costumam estar associados a mulheres, mas o receio do julgamento não foi empecilho para os irmãos Marcus Vinícius, 10 anos, e Carlos Eduardo Melo, 5, deixarem o cabelo crescer por uma causa maior: doar as mechas para pessoas com câncer. Os morados da Vila Planalto foram com o pai até um salão de beleza na Asa Norte nesta segunda-feira (17/10) e cortaram as madeixas, que foram levadas por voluntários do projeto de combate ao câncer Liga do Bem para a confecção de perucas.
“Eu me senti muito orgulho de estar fazendo uma boa ação. Nunca pensei em vender um cabelo, mas trocar por um sorriso valeu a pena”, afirmou Marcus Vinicius sobre a experiência.
O repórter cinematográfico Samuel Melo da Silva, 51 anos, conta que os pequenos deixaram o cabelo crescer por quatro anos e, apesar de sofrerem bullying dos colegas de classe, que os chamavam de “mulherzinha”, seguiram firme no propósito. Eles cresceram ouvindo histórias dos parentes que morreram por causa de câncer. Ao todo, a família teve 7 vítimas da doença. Além do histórico familiar, os elogios que os dois recebiam por terem um “cabelo bonito” os motivaram a praticar a boa ação.
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“Os dois tiveram a sorte de ter um cabelo que não precisa ficar indo no salão, fazendo essa manutenção. Por isso, eles viviam recebendo elogios, até que um dia eles perguntaram se podiam doar para pessoas com câncer. E aí eu incentivei, mostrei vídeos para eles, falei sobre os perigos da doença”, explica Samuel.
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Apesar do bullying, Marcus Vinícius deixou o cabelo crescer para doar a pessoas com câncer
Arquivo Pessoal
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Carlos Eduardo também seguiu o exemplo do irmão e cortou o cabelo após 4 anos usando ele longo
Arquivo Pessoal
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Os irmãos cortaram o cabelo em salão da Asa Norte e doaram para o projeto voltado a pessoas com câncer Liga do Bem
Arquivo Pessoal
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Marcus Vinícius e voluntário da Liga do Bem
Arquivo Pessoal
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O mais velho, Marcus Vinícius, já tinha doado uma vez, quando tinha 6 anos. Três anos depois, decidiu repetir o gesto, que foi seguido pelo irmão mais novo. A experiência do corte no salão foi registrada pelo pai, que mandou o vídeo para a escola onde os meninos estudavam. A exibição gerou comoção entre os estudantes e uma enxurrada de palmas. A professora também aproveitou o espaço para debater com os alunos sobre bullying. Segundo Samuel, a partir de então, os colegas pararam de incomodar os meninos.
Quem também ficou tocada pela atitude foi a mãe de Samuel. “Minha mãe ficou super emocionada quando assistiu o vídeo, até porque, quando fala em câncer passa aquele filme, a lembrança de todos os entes queridos que foram levados pela doença”, justifica o repórter cinematográfico.
Liga do Bem
O salão escolhido pelas crianças para cortar o cabelo é parceiro do projeto Liga do Bem. Formado por servidoras do Senado Federal em parceria com voluntários, o grupo promove, todos os anos, a campanha Corte Solidário. O objetivo é arrecadar mechas de cabelo que serão usadas na confecção de perucas para mulheres com câncer.
Durante cinco anos de projeto, já foram doadas mais de 4 mil mechas. Interessados em participar da campanha podem entrar em contato com a Liga e fazer a inscrição. Os cortes, gratuitos, começaram na segunda (17) e vão até quinta-feira (20) nos salões parceiros, em Brasília. As vagas são limitadas. Por isso, é preciso agendar o atendimento.
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