
Quem frequenta as baladas brasilienses, certamente, percebeu uma sutil mudança no público. Antes dominadas por homens sarados de pele lisa, conhecidos como barbies, as boates passaram a contar com beards (barbados), e bears (ursos) — gordinhos e peludos.
A mudança, que ocorreu gradativamente ao longo dos últimos anos, foi puxada pela moda lumberssexual, em que homens deixam a barba crescer e adotam um vestuário mais rústico – lembrando os lenhadores. Conhecida por ter um público antenado, a tendência pegou na noite brasiliense.
Agitação
A boate Victoria Haus (Setor de Armazenagem e Abastecimento Norte), que está entre as mais tradicionais da cena LGBT da cidade, foi uma das primeiras a reconhecer a força do movimento bear e beard. Em outubro de 2015, a casa trouxe a festa Barbados, uma das mais movimentadas do Rio de Janeiro, para a capital do país.
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A parceria entre a boate brasiliense e a festa carioca se revelou um sucesso e passou a ter programação fixa, ocorrendo bimestralmente na capital. “Brasília foi um divisor de águas para a balada, pois depois que chegamos nesse público, ganhamos visibilidade em outros estados”, afirma Bruno Trevisan, produtor da Barbados.
Ursos
Junio Rodrigues, produtor e DJ da festa Pop Bear, que ocorre todos sábados na Star Night (Setor Comercial Sul), vê uma diferença positiva no público brasiliense. Os ursos brasilienses, geralmente, preferem músicas dos anos 1980 e são mais velhos.
“Enquanto os ursos de fora são mais ousados e preferem música mais pesada, os daqui são mais maduros, independentes, que gostam de música Pop e Flashback, garantindo a festa”, avalia.
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Um dos atrativos da cena urso é a quebra de paradigmas. Na cena gay, o corpo escultural é sempre uma meta perseguida. Ao não alcançar esse ideal de perfeição, muitos homens não se sentem à vontade nas boates mais tradicionais, pois possuem pelos e são um pouco mais gordinhos. Assim, as festas bears tornam-se espaços alternativos e inclusivos.
Apesar do espaço que os ursos conseguiram garantir na noite brasiliense, há quem afirme que o movimento ainda é muito discreto quando comparado a outras cidades, como São Paulo e Rio de Janeiro.
“Os programas voltados aos ursos ainda são fracos. Os barbados foram adiante porque muito das barbies, que dominavam a cena noturna, aderiram à barba por conta da moda lumber”, explica Thiago Batticelli, realizador do Cerrado Bears, festa realizada entre 2011 e 2016.
Para Thiago, essa dominância dos beards ocorre pelo fato de os ursos serem mais velhos e estarem menos à vontade em casas noturnas. “Os barbudos são de uma geração mais nova, eles fritam, curtem, mas não querem ser titulados como ursos, têm pelo e usam barba, não são gordinhos”, explica.