A seleção de “Coringa”, de Todd Phillips, para a competição do 76º Festival de Veneza era um indício de que não se tratava de um filme baseado no universo dos quadrinhos, como tantos outros que vêm inundando as salas de cinema. E, de fato, o longa prescinde de grandes cenas de ação e efeitos especiais épicos para se inspirar mais nos dramas de Martin Scorsese dos anos 1970 e 1980. Mas foi com certa surpresa que o Leão de Ouro foi recebido. O longa é a principal estreia de hoje nas salas de cinema de Sorocaba e os ingressos começaram a ser vendidos há 15 dias. Os cinemas da cidade recebem hoje, ainda, a comédia romântica nacional “Ela disse, ele disse” e a animação “Angry Birds 2 — o filme”.
No Festival de Veneza, a presidente do júri, Lucrecia Martel, que está bem longe de fazer cinema comercial, elogiou os riscos que a produção de “Coringa” correu e a reflexão que faz dos anti-heróis como vítimas do sistema. Mas “Coringa” não seria o que é, um filme com capacidade de sacudir Hollywood na direção de mais ousadia, sem a interpretação de Joaquin Phoenix, que não se baseou em nenhuma das versões anteriores — de Cesar Romero, Jack Nicholson, Heath Ledger e, muito menos, de Jared Leto. “Sou pouco conectado à indústria do entretenimento”, disse o ator, em entrevista exclusiva ao jornal O Estado de S. Paulo, em Veneza. E jurou não ter ideia da quantidade de fãs que a história tinha. “Começaram a me perguntar da pressão dois dias antes do início das filmagens, e eu disse: ‘Não me digam isso agora!’”, contou. “Era tarde demais, mas no começo eu estava na ignorância completa. Ainda bem”.
Phoenix ama uma reação forte aos filmes que faz. “Seja qual for”, contou. “A indiferença é que me incomoda”. Às vésperas de completar 45 anos, o ator afirmou categoricamente que não pode, no entanto, levar em conta a opinião de ninguém ao fazer um papel. “Nem a do diretor. Para mim, trata-se de uma exploração e uma experiência pessoais. Faço só para mim”.
Mas quem é esse Coringa? Arthur Fleck é um comediante frustrado que trabalha como homem-placa, vestido de palhaço. Mora com a mãe, que insistia que seu destino era ser feliz e fazer os outros rirem, e depende de remédios para seus problemas de saúde mental — ele tem uma condição que faz com que ria descontroladamente. Sendo pobre e esquisito, Arthur é invisível para a sociedade. Quando alguém o enxerga é, em geral, para humilhá-lo. Só que, um dia, ele se vê com o poder nas mãos.
Este Coringa não tem o jeito brincalhão de Romero, nem é transformado em vilão depois de cair num tanque de substâncias químicas como no caso de Nicholson. Não tem um desejo de ver o circo pegar fogo como o Coringa de Ledger, nem sabe-se lá o que Jared Leto estava fazendo. Arthur às vezes inspira pena. “Gosto que o filme peça ao espectador que, pelo menos, tenha empatia por alguém que é o vilão e que faz coisas horrendas. Às vezes, rotulamos uma pessoa como má, como se fôssemos incapazes dos mesmos atos”.
Nacional e animação
Baseado no livro infantojuvenil homônimo de Thalita Rebouças, que assina o roteiro, “Ela disse, ele disse” acompanha a rotina dos adolescentes Rosa (Duda Matte) e Leo (Marcus Bessa), sobre os seus próprios pontos de vista. Enquanto Léo logo demonstra interesse em futebol, Rosa enfrenta problemas com Júlia (Maísa), a garota mais popular do colégio.
Aos 14 anos, eles agora precisam se adaptar a uma nova realidade e fazer de tudo para sobreviver ao primeiro ano numa nova escola. Provas, amizades, bullying, crushes da adolescência e até mesmo as armadilhas da internet mostram como meninos e meninas muitas vezes sentem as mesmas coisas, mas pensam e agem de maneiras completamente diferentes. O filme, que é o terceiro longa baseado na obra da escritora Thalita Rebouças (“Fala sério, mãe!” e “Tudo por um pop star”) tem direção de Claudia Castro e conta com participações de Fernanda Gentil e Maria Clara Gueiros.
Já a animação “Angry birds 2 — o filme” dá continuidade às aventuras dos hilários personagens, oriundos de um jogo para smartphone. Com direção de Thurop Van Orman e roteiro de Peter Ackerman (“A era do gelo”, “The americans”), Red e seus amigos pássaros incapazes de voar dedicam a vida a proteger a Ilha dos Pássaros dos constantes ataques vindos da Ilha dos Porcos. Entretanto, quanto a vilã Zeta, um pássaro lilás que mora em uma geleira cansada da natureza de seu habitat, começa a atacá-los, Leonardo, o rei dos porcos, decide procurar seu arquinimigo em busca de uma trégua e formam uma aliança para que, juntos, possam enfrentar a ameaça em comum. (Da Redação, com informação de Estadão Conteúdo)
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