Religiosidade e espiritualidade na saúde e na doença

0
273

Raquel Aparecida de Oliveira

A cura e a prevenção das doenças sempre estiveram ligadas às práticas religiosas. Porém, no Ocidente, com o aparecimento da ciência, elas foram separadas. Ainda assim, a religião não desapareceu e continua presente na vida das pessoas.

Em estudos, pacientes afirmam que crenças religiosas e suas práticas são valiosas maneiras pelas quais eles podem enfrentar e aceitar melhor as doenças físicas, bem como a religião é o fator mais importante para ajudar nessas situações. Assim, observa-se significativa influência da espiritualidade no processo saúde-doença.

A dimensão da espiritualidade como tema de estudo vem recebendo atenção expressiva em contextos de saúde e qualidade de vida, sobretudo na Europa e nos EUA, nos campos da psicologia, religião, medicina e enfermagem.

No Brasil, as investigações sobre esse tema vêm sendo desenvolvidas nas áreas da medicina e enfermagem. Elas confirmam a íntima relação entre espiritualidade e resultados em saúde. As crenças religiosas e espirituais têm se demonstrado um recurso auxiliar no enfrentamento de eventos estressores como na prevenção de doenças, no próprio processo de adoecimento e no consequente tratamento.

A religiosidade impacta a saúde de forma positiva, principalmente no estilo de vida. Ela enfatiza a necessidade de cuidar do corpo e evitar o uso de drogas e álcool e de comportamentos que possam colocar as pessoas em risco como o envolvimento em situações de violência. A religião oferece um suporte social, ajuda na compreensão da vida e estimula os bons sentimentos, que serão edificantes para o enfrentamento de situações difíceis.

A espiritualidade é reconhecida como um fator contribuinte para a saúde de muitas pessoas. O conceito é amplo, encontrado em todas as culturas e sociedades. Espiritualidade é a busca pessoal pelo entendimento de respostas a questões sobre a vida, seu significado e relações com o sagrado e transcendente (que podem, ou não, estarem ligadas a propostas de uma determinada religião). Ela pode ser entendida como um sentimento pessoal que traz significado à vida e permite à pessoa suportar dificuldades e sofrimento; a busca por propósitos consigo e com os outros e a compreensão de que não se pode ser feliz, de fato, sem levar em consideração o bem-estar dos outros, dos animais e do planeta. Pode-se dizer que ela estimula a prática do cuidado e, consequentemente, promove comportamentos saudáveis, os quais se aplicam ao indivíduo e além dele. Desta forma, nos proporciona equilíbrio e bem-estar, harmoniza as relações interpessoais e propicia prazer em viver.

Alguns motivos para cultivar a espiritualidade, que contribuem para o aprimoramento da boa saúde, incluem uma maior eficácia do sistema imunológico; melhoria na saúde vascular; sensação de força diante qualquer adversidade; diminuição do tempo de internação em relação aos que não possuem fé; menor propensão à depressão e demais doenças da alma e, caso o paciente tenha quadro depressivo, a recuperação é mais rápida. Ademais, há menor risco de hipertensão arterial, acidente vascular cerebral e doenças coronarianas. De modo geral, os indivíduos espiritualizados apresentam baixos índices de mortalidade.

A maneira de nos conectarmos com a nossa espiritualidade é pessoal, pois cada indivíduo deve perceber o que lhe é mais favorável. O importante é começar.

Alguns hábitos auxiliam a elevar seu nível de espiritualidade como, por exemplo, a meditação. Ela é recomendada para iniciar o dia, pois ajuda a nos tornarmos mais focados e orientados para nossos objetivos, eliminando tudo aquilo que não nos favorece, preparando e acalmando nossa mente e coração. A espiritualidade deve estar presente em sua rotina. Certifique-se de estar sempre vivendo o momento presente. Assim, você lidará com as coisas que a vida lançar em seu caminho sem se apegar a nada.

Fortaleça a sua relação com a natureza. Este contato nos conecta, revigora e renova nossas energias, promovendo melhora da nossa saúde mental, física e espiritual. Vá a parques, ande descalço na grama, abrace uma árvore e tome um banho de mar, cachoeira ou rio.

Ser grato e praticar o perdão são atitudes benéficas, essenciais e têm o poder de nos curar. Perdoar e pedir perdão são sinônimos de paz interna, de estar bem consigo mesmo. Agradecer por tudo o que lhe acontece o fará feliz.

Pratique exercícios físicos e mantenha alimentação saudável, com hidratação assídua. Busque uma atividade que traga satisfação, pois um corpo em movimento promove uma mente saudável; alivia a carga emocional negativa e mantém a sua saúde em dia, contribuindo para a sua evolução espiritual.

Por fim, a religiosidade e a espiritualidade são fortes aliadas para nossa saúde. A tendência é de que, cada vez mais, os profissionais de saúde abordem essas dimensões no atendimento ao paciente.

Raquel Aparecida de Oliveira é professora-doutora do Departamento de Enfermagem da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde (FCMS), da PUC-SP. Vice-coordenadora do Programa de Estudos Pós-Graduados Mestrado Profissional em Educação nas Profissões da Saúde

O post Religiosidade e espiritualidade na saúde e na doença apareceu primeiro em Jornal Cruzeiro do Sul.

Artigo anteriorMutirão de castração recebe inscrição até sexta-feira
Próximo artigoRodada define os finalistas de xadrez nos Jogos Escolares