Naomi Fernanda dos Santos
Ao longo dos últimos anos, as mulheres conquistaram muito espaço no mercado de trabalho brasileiro, entretanto este número ainda não é o ideal. Segundo dados oficiais do IBGE, somos 51,5% da população total no país. Mas analisando o mercado profissional, apenas 38% das mulheres possuem cargos de chefia. Outros dados, divulgados pelo Insper em parceria com a Talenses, mostram que apenas 18% das empresas possuem mulheres como CEO.
A dificuldade das mulheres em exercer uma posição de liderança está diretamente relacionada ao preconceito histórico e cultural. O pensamento machista de que não somos capazes de ocupar cargos de chefia está vinculado à visão que a liderança é uma característica do sexo masculino, pois no passado eram “eles” os provedores, chefes e tomadores de decisões. Enquanto isso, para as mulheres era atribuído o sexo frágil, movidas por emoções e destinadas à submissão.
Nossa maior relutância ao longo de nossa carreira é enfrentar todos os dias esse preconceito imposto pela sociedade, que de tão enraizado passa despercebido por, até mesmo, nós mulheres. A desigualdade de gênero em altas posições começa a se tornar evidente através de abordagens diferentes em entrevistas ou conversas, onde, além de questionadas sobre nossa formação e habilidades, nos vemos, com certa frequência, respondendo sobre o desejo de casar ou engravidar.
A vinculação negativa de que a maternidade afeta o desempenho profissional da mulher ainda está presente nas organizações. A ideia de que a mulher é incapaz de administrar com sucesso a vida pessoal e profissional simultaneamente é gritante em nossa sociedade, sendo talvez um dos maiores empecilhos ao aumento do número de mulheres em posições de liderança.
O que nos motiva é o fato de estarmos passando por um processo de inovação nas políticas organizacionais das empresas: o machismo está sendo cada vez mais repudiado e a luta pela igualdade de gênero está conseguindo espaço. O pensamento enraizado de que a mulher não tem vocação para liderança e não sabe administrar uma alta posição profissional está, aos poucos, sendo sumariado. Mas ainda é preciso ir à luta.
Precisamos nos inspirar nas mulheres que fazem parte dos 38% da estatística, para cada vez mais aumentar a representatividade feminina, evidenciando a competência que temos de ocupar qualquer posição que desejamos, com as mesmas condições e direitos.
Naomi Fernanda dos Santos é membro do Grupo de Pesquisa do ISAE Escola de Negócios (www.isaebrasil.com.br).
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