O QUE FOI O ULTRADIREITISTA GRUPO DE AÇÃO PATRIÓTICA-GAP

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O QUE FOI O ULTRADIREITISTA GRUPO DE AÇÃO PATRIÓTICA-GAP

Salin Siddartha

O Grupo de Ação Patriótica-GAP foi uma organização terrorista de extrema-direita e de ação ofensiva criada durante o Governo João Goulart por estudantes ricos do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais para opor-se às reformas propostas pelo Poder Executivo de então. Inseriu-se na conjuntura histórica que antecedeu o Golpe Militar, integrando-se ao IPES-Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais e ao IBAD-Instituto de Ação Democrática na oposição ao Governo João Goulart. Fazia parte da “Rede da Democracia” do IBAD, onde falava da necessidade de um golpe miliar que (supostamente) disciplinasse o País. Atuava como um braço do IPES no movimento estudantil.

O GAP era uma organização paramilitar que, além de estudantes, reunia civis e militares da reserva, mantinha laços com a Legião Brasileira Anticomunista, seguia a orientação política e tática dada pelo ex-Ministro da Marinha, almirante Sílvio Heck, era contrário à legalização do Partido Comunista Brasileiro-PCB, à encampação das refinarias particulares, à influência dos dirigentes sindicais nos destinos do País, à representação estudantil, a entidades como a União Nacional dos Estudantes-UNE e às Ligas Camponesas lideradas por Francisco Julião. Era um agrupamento conservador radical da época que tencionava expurgar João Goulart do poder, combatia as ideias marxistas e agia provocando conflitos de rua. Defendia a democracia liberal, mas livre do convívio com comunistas e socialistas. Era patrocinado e financiado pelo complexo IPES/IBAD, bem como pelo empresariado reacionário, notadamente pelo megaempresário Paulo Suplicy (pai do político petista Eduardo Suplicy). Participou da “Marcha da Família com Deus pela Liberdade”, que também foi fomentada financeiramente por aquele megaempresário.

O GAP tinha a pretensão de legitimar o golpe de direita, brandia a palavra de ordem “Almoçar os Esquerdistas Antes que Eles nos Jantem.” Além de dedicar-se à propaganda anticomunista, participou de conflitos de rua e apoiou o Golpe Militar de 1964. Posteriormente, foi usado para espionar membros da UNE e da União Brasileira de Estudantes Secundaristas-UBES. Mais tarde, a CIA municiou-o com 50.000 livros e folhetos da Guerra Fria sobre a ameaça comunista e, mais adiante, diretrizes contra a UNE e a UBES.

Do Grupo de Ação Patriótica saiu parte das lideranças que, a partir do Golpe de 64, assumiram como interventores nas entidades estudantis quando as gestões de esquerda foram depostas e as intervenções estabelecidas pelo Governo. Acresce-se que vários dos seus elementos atuaram como assessores do Ministro da Justiça Gama e Silva, que, no passado, já havia idealizado o CCC como uma organização paramilitar.

O GAP não só possuía um grande estoque de armas de fogo, como também se envolveu em contrabando de armas que entravam no Brasil transportados pelos navios da empresa L. Figueiredo. A polícia sempre demonstrou desinteresse em investigar os estudantes terroristas do Grupo de Ação Patriótica.

Anos mais tarde, alguns de seus membros circularam pelo Chile, em apoio ao sangrento golpe que derrubou o Presidente constitucional Salvador Allende. O Grupo efetuou ligação entre o Brasil e aquele país, levando armas e dinheiro tanto para a organização extremista Pátria y Libertad – liderada pelo protofascista Pablo Rodrigues e pelo industrial Roberto Thiems – como para os comitês de bairro de direita do Chile.

O mais importante líder do GAP foi seu fundador e presidente do seu Diretório Nacional, Aristóteles Drummond, que atuou na oposição à UNE na época em que José Serra a presidia. Aristóteles pertencia ao PSP, de Adhemar de Barros (golpista e ex-Governador de São Paulo), apoiou a Ditadura Militar, conquanto tenha criticado o ex-Presidente Ernesto Geisel; após concluir a faculdade, Aristóteles Drummond foi presidente da COHAB-GB no Governo de Negrão de Lima, Diretor da Associação Comercial do Rio de Janeiro e do Banco Nacional, Assessor do Ministro das Minas e Energia César Cals e Diretor da Light no final do Governo Figueiredo.

Cruzeiro-DF, 29 de março de 2020

SALIN SIDDARTHA

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