Pais e alunos correm para garantir as últimas vagas em escolas públicas

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    Gustavo Moreno/CB/D.A Press
    Gustavo Moreno/CB/D.A Press

    O medo de perder o primeiro semestre do ano letivo de 2012 tem provocado corre-corre de pais e alunos nas escolas da rede pública de ensino do DF. Muitos resolveram dormir na porta das instituições para garantir uma vaga e alguns iniciaram uma peregrinação por colégios mais próximos de casa. A preocupação aumentou ontem, data-limite para estudantes se inscreverem para oportunidades remanescentes disponíveis pela opção 2 do Disque 156, da Secretaria de Educação. O serviço ficou indisponível e muita gente não conseguiu confirmar a inscrição.

    Em nota, o GDF informou que as linhas ficaram congestionadas devido a um problema na operadora de telefonia e, por isso, prorrogou o prazo até amanhã. A expectativa é atingir 10 mil inscrições — cerca de seis mil foram feitas, sendo 1,7 mil apenas na manhã de ontem. Sem conseguir contato pelo telematrícula, o pintor Sandro Araújo Dantas, 37 anos, resolveu ir à Diretoria Regional de Ensino (DRE) de Planaltina e a três escolas da cidade para tentar matricular o filho Alan José Dantas, 17 anos. O garoto morava em Formosa (GO) com os avós e agora ficará com o pai. Depois de passar pelo Centro Educacional 01, por um colégio no bairro Jardim Roriz e também pela DRE, Sandro fez a última tentativa no Centro de Ensino Médio 02.

    No portão, um cartaz informava a disponibilidade de 10 vagas para o 3º ano no turno vespertino e 101 vagas para o ensino regular noturno. Não havia vaga para o período matutino. No entanto, a matrícula só poderia ser efetivada pelo 156 e Sandro fez viagem perdida pela terceira vez. “Não consigo falar no telematrícula desde 16 de dezembro. Dá ocupado o tempo inteiro e, então, resolvi procurar uma escola para colocar meu filho, mas só vejo vaga para estudar à noite e aqui em Planaltina é muito perigoso”, reclamou.

    No colégio Stella dos Cherubins, no Setor Sul de Planaltina, a situação é ainda pior. Um cartaz informa a disponibilidade de apenas cinco vagas para o 3ª ano do ensino médio, todas no turno matutino. Outras 109 oportunidades são ofertadas no período noturno.

    Noite na fila
    Este ano, o Stella dos Cherubins deixou de ofertar a modalidade Educação de Jovens e Adultos (EJA). Por causa disso, as amigas Ana Cordeiro Rodrigues, 19 anos, e Elaine Saara Alves, 20, tiveram de pedir transferência para o Centro Educacional 01, o “Centrão”, localizado próximo à rodoviária. As duas dormiram na fila para fazer matrícula. “A gente chegou às 23h de terça-feira na escola para conseguir vaga e já havia 33 pessoas na nossa frente. Antes disso, ligamos no 156 e disseram que não precisávamos mudar de escola, mas não foi assim”, desabafou Ana Cordeiro.

    No colégio, as 17 turmas de ensino fundamental, da 5ª à 8ª séries, estão lotadas. Para atender à demanda, seria necessário abrir pelo menos mais cinco salas na escola, na visão do vice-diretor, Hélio Mendes. “Até o ano passado, não existia ensino fundamental regular nessa escola à noite, mas tinha muito aluno fora da faixa de idade durante o dia”, explicou.

    O problema não se restringe aos ensinos fundamental e médio. Muitos pais têm tido dificuldade para encontrar vaga na educação infantil, para crianças com menos de 6 anos. Pelo telematrícula, alguns conseguiram fazer inscrição, mas tiveram o pedido negado. É o caso da doméstica Maria José Barbosa, 41 anos, moradora de São Sebastião. Ela não tem condições de pagar uma creche particular para o filho Diego Barbosa, 5, e não foi contemplada na rede pública. “Estou tentando agendar uma escolinha para ele nas vagas remanescentes, mas a ligação não completa, o telefone fica ocupado ou, quando atende, a ligação cai. Já entrei em desespero porque a burocracia é tão grande, a gente se sente humilhado. Se eu não conseguir fazer a matrícula, não tenho onde deixá-lo”, afirmou.

    Fonte: http://migre.me/7GB2R

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