Crítica: “Comeback” é faroeste no Centro-Oeste

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    Divulgação

    “Comeback – Um Matador Nunca se Aposenta” abre com Amador (Nelson Xavier), um pistoleiro antes temido e hoje decadente, em um bar puído de cidade interiorana. E termina com o mesmo matador às portas de um baile de terceira idade.

    Por mais que seja descrito como um faroeste no Centro-Oeste, o primeiro longa escrito e dirigido pelo goiano Érico Rassi é muito mais um drama cotidiano interessado nas angústias geracionais que se colocam entre um velho homem amargurado e um tempo que parece desrespeitá-lo.

    Quando não está contando seus feitos ao folhear um álbum de recortes de jornal, Amador cruza as ruas poeirentas e mal iluminadas de uma cidade pequena em busca de clientes (donos de bares). Ele vende, transporta e conserta caça-níqueis, mas não vê a hora de sacar sua pistola e matar novamente.

    Western intimista
    Rodado em Anápolis, “Comeback” consegue forjar uma periferia típica do Centro-Oeste, sem certas maquiagens cenográficas que vemos em novelas ou filmes de grande orçamento – o que não é o caso do projeto de Rassi.

    Ao mesmo tempo, parece faltar ao longa uma vibração capaz de balancear a secura de Amador com uma história equivalente à mítica do personagem. O peso simbólico está por toda parte. No chapéu simples, no rosto que parece esculpido em solo de Cerrado.

    Dentro do cinema independente brasileiro, “Comeback” é mais um filme que desbrava o interior em busca de carga visual e sentido estético, mas que ainda carece de inventividade para, nesse Brasil profundo, fabricar uma ficção para além das boas locações.

    Avaliação: Regular

    Veja horários e salas de “Comeback – Um Matador Nunca se Aposenta”

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