Com uma estética naturalista e quase documental, o longa gaúcho “Rifle”* narra uma série de situações extremas ambientadas no Brasil rural. Mais curioso ainda é perceber como o filme parte das tensões entre agricultura familiar x agronegócio para compor um personagem enigmático, dono de angústias misteriosas e capaz de atos abruptos de violência.
Dione, um jovem interiorano do Rio Grande do Sul, é abordado certo dia na cerca da propriedade pelo que parece ser um empresário. Ele revela interesse pelas terras. É a modernização se avizinhando de uma família simples. A namorada de Dione até prefere que as terras sejam vendidas. O pai dela, aqui e ali, também dá sinais de cansaço.
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O que começa como uma espécie de “Aquarius” rural – um personagem desconfia do progresso, resiste à especulação imobiliária e sofre as consequências dessa escolha – logo se transforma num interessante exercício de gênero.
Faroeste regionalista
Pois Pretto está mais interessado em expedientes pessoais do que sociais. Há uma longa sequência em que Dione, depois de tanto alisar o rifle, protagoniza uma sequência de filme de ação.
Ele ainda não sofreu nenhuma nova abordagem ou assédio dos figurões que desejam adquirir as terras. Mesmo assim, Dione ajeita a mira e atira em carros que trafegam pelos arredores. Dentro de uma fabricação de filme de suspense, Pretto encontra a medida certa para um faroeste minimalista de defesa de forte.
Entre caminhadas solitárias e contradições pessoais, “Rifle” funciona como a crônica de um pária perdido entre a cidade e o campo. Apesar de certas arestas de roteiro, Pretto consegue transcender o mero registro de fundo social e formar uma narrativa que se equilibra bem entre naturalismo regional e elementos de filme de gênero.
Avaliação: Bom
Veja horários e salas de “Rifle”.
*Crítica originalmente publicada durante a cobertura do Festival de Brasília 2016