Projeto “Agô” reúne grandes artistas para cantar e discutir samba

    0
    248
    Bruno Veiga/Divulgação

    No mês da Consciência Negra, a Caixa Cultural de Brasília apresenta um projeto musical para honrar o gênero musical mais conhecido do Brasil. Com samba no protagonismo, “Agô – Samba e Ancestralidade” preenche a programação do espaço de quarta (15/11) a segunda (20/11).

    Quem abre o projeto é o cantor e compositor Nei Lopes. O carioca de 75 anos sobe ao palco a partir das 20h, nesta quarta (15/11), para apresentar parcerias criadas ao lado de Wilson Moreira e grandes nomes do samba do Rio de Janeiro ao longo de uma carreira de mais de 40 anos.

     

    Autor de mais de 12 álbuns dedicados ao gênero, Lopes é também pesquisador e autor de inúmeros livros sobre samba e cultura afrobrasileira. A bagagem cultural do doutor do samba e as pesquisas empreendidas ao longo da vida serão apresentadas na palestra “Sambas: Histórias de Terreiros”, a partir das 18h de quarta (15/11). Mais tarde, às 20h, o carioca sobe ao palco para cantar.

    Leia entrevista com Nei Lopes:

    O samba é considerado o mais brasileiro dos ritmos musicais. No entanto, sabemos que o gênero guarda uma história de resistência cultural muito grande. Como foi possível o samba resistir a todas as barreiras impostas?

    O samba resistiu e continua resistindo porque tem uma verdade muito grande. Aí, ele se renova a cada momento. Como prova estão os gêneros e subgêneros dele derivados.

    Outras contribuições culturais de matriz africana (música, gastronomia e literatura) são significativas na cultura brasileira sem que os negros recebam o devido crédito por seus feitos. Por que isso acontece?

    Porque o Brasil, desde sempre, conserva o sonho de ser um país europeizado ou, agora, absolutamente enquadrado no contexto da cultura transnacionalizada, essa globalização de mão única. A sociedade brasileira, salvo as honrosas exceções que conhecemos, tem vergonha do sangue africano que corre em suas veias.  

    É possível falar de samba sem tocar no assunto da ancestralidade africana?

    Pode-se falar de samba de várias formas, abordando inclusive a desafricanização que lhe é imposta.

    O senhor é advogado, compositor, cantor e escritor. Como concilia tantas profissões?

    Meu trabalho é como autor de canções, principalmente no gênero samba, e de escritor, principalmente escrevendo sobre meus conhecimentos e minha vivência de afrobrasileiro e afrocarioca. A advocacia já não pratico há muito tempo, mas o Direito me ajuda bastante a conduzir minha vida como autor. E quanto a “cantor”, reservo essa qualificação para os intérpretes que têm gravado a minha obra, que são muitos. Embora as cantoras estejam em maior número.

    “Agô – Samba e Ancestralidade”
    De 15 a 20 de novembro, no Teatro da CAIXA Cultural Brasília (SBS Quadra 4 Lotes 3/4). Quarta a sábado, às 20h; domingo, às 19h e segunda-feira, às 20h. Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia). Programação completa no site da Caixa. Não recomendado para menores de 12 anos.

    Artigo anteriorTrabalhadores da CEB recebem da empresa propostas de reajuste
    Próximo artigoO teatro universitário ganha os palcos de Brasília no festival CéU