High As Hope: Florence and the Machine volta mais intimista em disco

    0
    161

    Pessoalmente, não acredito em fadas. Mas, quando tento imaginar esses seres místicos, minha cabeça é bombardeada por imagens de Florence Welch. A cantora e sua banda, Florence and the Machine, lançaram, nesta sexta-feira (29/6), o quarto disco da carreira: High As Hope.

    Jason Merritt/Getty Images

    Eu não acredito em fadas, mas que elas existem…. Elas existem

     

    O disco é, certamente, o mais intimista dessa grande cantora indie. Em June, canção que abre High as Hope, Florence debate o uso de drogas, suas angústias e medos. Tudo compartilhado com um amigo ou um amante: “Eu ouço seu coração batendo no seu peito, o mundo diminui até não restar nada”.

    Hunger escancara: Florence usa esse disco para revisitar os próprios traumas. Ela volta a seu próprio distúrbio alimentar. “Aos 17 anos, eu comecei a me matar de fome. Eu achava que o amor era um tipo de vazio”, dispara a cantora para, em seguida, emendar: “Todos nós temos fome”.

    Com batida folk, Florence apresenta uma das mais atraentes músicas do álbum: Sky Full of Song. Ao discutir o vazio sentimental e as falsas euforias, a artista resume essa nova proposta.

    Há alguns anos, Florence largou o álcool e parece encarar o passado como uma mistura de arrependimentos e exageros. Se em 2015, ano de lançamento de How Big, How Blue, How Beautiful, ela se via em um barco destinado a naufragar, agora a cantora abandona esse passado e assume o controle da vida ao entender o próprio caminho.

    Um caminho que, certamente, não é facil, cercado de dor e enfrentamentos. Em Big God, Florence deixa isso bem claro: “Às vezes, acho que as coisas estão melhorando, ai, elas ficam muito pior. Seria isso parte do processo. Bom, Jesus Cristo, isso dói”.

    Ritmos de sempre
    Florence and the Machine é daqueles grupos indies surgidos na primeira década do século 21 que conseguiu conservar a relevância após o boom do gênero. Muito se deve ao talento e ao carisma da vocalista.

    Em High As Hope, Florence não busca sonoridades novas, há metais, percussão, folk e alguns flertes com o blues. Elementos apresentados nos três discos anteriores (em menor ou maior proporção) – Lungs (2009), Ceremonials (2011) e How Big, How Blue, How Beautiful (2015).

    Theo Wargo/Getty Images

     

    Nesse processo de autodescoberta pós-juventude, há pitadas de novidade. No fim do disco, surge No Choir, faixa que, já aponta o nome, traz Florence e um piano. Com sua linda voz, quase sussurra: “Eu reuni você aqui para me esconder desse vasto e inominável medo”.

    Sem a mesma “animação melancólica” dos outros discos, High As Hope é um convite a conhecer melhor esse mulherão chamado Florence Welch.

    Avaliação: Ótimo

    Artigo anteriorConfira o que abre e o que fecha durante o jogo do Brasil na segunda-feira
    Próximo artigoVeja onde assistir ao jogo Brasil X México na segunda-feira