A ideia do cineasta René Sampaio sempre foi fazer uma trilogia com as canções de Renato Russo. Depois de Faroeste Caboclo (2013), vem aí Eduardo e Mônica. Dizer que esse era o plano, no entanto, foram outros quinhentos: o diretor esperou o início das filmagens do segundo filme para revelar sua aspiração. “Eu encontro muita inspiração na música do Legião Urbana. Eduardo e Mônica é a sequência de Faroeste, mas ainda vou estudar o que farei no próximo”, planeja.
As imagens do novo longa começaram a ser gravadas em Brasília, e a equipe celebrou nesta segunda-feira (2) a primeira semana de filmagens no restaurante Figueira da Vila, na Vila Planalto, bairro brasiliense onde estão hospedados. A história, no entanto, se passará em diversos cenários da capital federal. “Me emociona muito mostrar Brasília, assim como me emociona ver a cidade na tela, pelo olhar dos colegas: desde Vladimir Carvalho, que foi meu professor na UnB, até meus contemporâneos, como o José Eduardo Belmonte e o Iberê Carvalho”, cita o diretor.
Transportar uma música para a tela grande não é tarefa fácil. No caso de Eduardo e Mônica, além dos dois protagonistas, somente o avô de Eduardo e os filhos do casal são citados na música. O resto é exercício de imaginação e compreensão do contexto daquela canção. “Quando você faz um filme assim, tem que ser fiel ao espírito da composição. Depois, dar sua leitura pessoal à história. Não é um caminho tão linear quanto o de adaptar um romance”, analisa René.
Uma personagem nova é Karina, a irmã de Mônica, vivida pela atriz paulistana Bruna Spínola. Nascida em 1986, ano em que se passa a música, a intérprete tem uma série de conexões muito especiais com a canção. “Conversei muito com minha mãe sobre aquela época. Naquele ano, ela tinha a mesma idade que a minha personagem”, comenta.
Além da coincidência com a mãe, Bruna tem especial apreço por Eduardo e Mônica: ela se lembra da primeira vez que escutou a música. “Eu ouvia muito Legião quando era criança, mas tinha uns 10 anos, não sacava muito as letras. Como Eduardo e Mônica tem uma estrutura de história, foi a primeira letra que entendi. Lembro de correr até minha mãe e conversar com ela sobre os versos, e ela foi me explicando. Fiquei muito feliz de comprender uma canção inteira pela primeira vez”, lembra a atriz.





Embora a canção seja conhecida, é complicado usar palavras literais da poesia no roteiro. Em Faroeste Caboclo, apenas uma frase da música de 10 minutos foi usada: “tem bagulho bom aí”. A equipe de Eduardo e Mônica está cheia de segredos, e este detalhe não foi revelado. “A composição respeita a métrica e a rima. Na vida real não é bem assim, os versos não soam tão naturais. Temos que estudar se aquelas palavras ficam bem, cinematograficamente falando”, comenta René.
Questionado sobre como a crise econômica atinge o audiovisual brasileiro, o diretor acredita haver setores sofrendo mais. “O mercado do cinema está muito promissor. É uma indústria gigante que não pode ser barrada por política ou burocracia. A crise afeta a todos, mas é um setor muito forte, enfrentando essa situação de forma apertada, mas saudável”, analisa.


































