Ilha de Ferro: nova aposta da Globoplay manda recado político

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    Ambientada em uma plataforma de petróleo, a nova aposta do serviço de streaming Globoplay é visceral. Sexo, drogas, violência e crítica política compõem a receita de sucesso de Ilha de Ferro e transformam o produto em uma das melhores realizações do Grupo Globo em 2018.

    “O petróleo é nosso”. Já no primeiro episódio, João Bravo, sindicalista vivido por Osmar Prado, diz a frase-mantra da série. Na trama, a afirmação é uma crítica às tentativas do governo federal de lotear a grupos estrangeiros setores do pré-sal. Na vida real, o momento vira um recado direto ao presidente recém-eleito, Jair Bolsonaro, que já se declarou favorável a vender parte do patrimônio nacional.

     

    Escrita por Max Mallmann e Adriana Lunardi, a dramaturgia mostra o ambiente hostil e machista de uma plataforma de petróleo, retratado pela resistência da tripulação à nomeação de Julia Bravo (Maria Casadevall) para a gerência da operação. À jovem petroleira cabe provar constantemente suas qualificações, caso queira conquistar o respeito dos homens subordinados.

    No seu caminho está Dante (Cauã Reymond), coordenador que pleiteia o cargo dado à filha do ministro das Minas e Energia e neta do lendário João Bravo (Osmar Bravo). Com o tempo, as discordâncias intensas revelam aflições comuns e o desejo mútuo. A longa distância da terra firme faz a dupla criar uma vida paralela na estação de trabalho, transformando a PLT 137 em um refúgio para os problemas longe do oceano.

    Com direção artística e geral de Afonso Poyart e direção de Roberta Richard e Guga Sander, as atuações impecáveis dão veracidade à história. Com destaque especial a Sophie Charlotte, na pele da esposa obcecada, Leona, e Klebber Toledo, no papel de Bruno, irmão de Dante envolvido com tráfico de drogas e apaixonado pela cunhada.

    Tanto Sophie quanto Klebber exploram sentimentos totalmente diferentes dos já vividos em outras produções globais. A loucura e sensualidade de Leona são de um magnetismo perturbador. Já o piloto de helicóptero rancoroso e com síndrome de Caim, distanciam Klebber do bom mocismo ao qual o ator estava acostumado.

    Milhem Cortaz, Taumaturgo Ferreira, Jonathan Azevedo, Cássia Kis, Julio Rocha e Moacyr Franco completam o elenco luxuoso da produção – impecável – exceto por erros de continuação em alguns dos 12 episódios, que, de toda maneira, não apagam os acertos de Ilha de Ferro.

    Avaliação: Ótimo

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