“Tudo o que construímos em 11 anos,se perdeu em segundos”. O desabafo é de Karine Nunes (foto em destaque), 20 anos. Em meio a uma pilha de cinzas e destroços, a jovem observa o barraco onde vivia no acampamento de Monjolo, Recanto das Emas, consumido pelas chamas no domingo (12/05/2019). Mais de 30 famílias ficaram desabrigadas após o incêndio, que pode ter sido provocado por uma vela acesa, segundo suspeitas dos moradores.
Abrigada no Ginásio Poliesportivo Recanto das Emas, ou Tatuzão, após perder os bens, Karine voltou ao cenário destruído na manhã desta segunda-feira (13/05/2019). A lista de perdas é longa: desde móveis e roupas até “Bolinha”, sua cadela de estimação. O animal morreu carbonizado.
“Perdemos tudo sem ter a oportunidade de fazer nada. Se fôssemos tentar salvar algo, teríamos morrido”, lamentou. Karine morava com a mãe em Monjolo. “É como se a gente fosse recomeçar a vida do zero agora”, acrescentou.
Quando o fogo começou, conta, ela estava em casa. Mãe e filha foram retiradas do local com a ajuda de vizinhos, que também tentaram apagar as chamas com baldes e mangueiras. “Na hora, todos ficaram muito assustados”, afirma.
Moradora vítima de incêndio no DF: “Tudo se perdeu em segundos”

Moradora vítima de incêndio no DF: “Tudo se perdeu em segundos”
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Rafaela Felicciano/Metrópoles

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Raquel, uma adolescente de 17 anos, mora ao lado do Núcleo Rural Monjolo. Quando soube do incêndio, correu para tentar ajudar a mãe. “Era muito fio pipocando, madeira queimando. Ficamos com medo do fogo se alastrar e não conseguimos resgatar nada”, relatou.
A Polícia Civil fez perícia nos barracos queimados na manhã desta segunda-feira (13/05/2019). Moradores que perderam as casas também caminharam pelo cenário para analisar os bens perdidos, entre cacos de vidro e fossas abertas.
A assessoria da Administração Regional do Recanto das Emas informou que, das 34 famílias que perderam suas casas, 17 estão abrigadas no Ginásio Poliesportivo do Recanto das Emas. As barracas para os moradores foram armadas pela Defesa Civil, já a Companhia de Saneamento Ambiental do DF (Caesb) distribui água.
Ainda segundo a administração, o fluxo de doações foi intenso desde o incêndio e está sendo feita uma triagem para a distribuição. Calçados, roupas e alimentos são os itens mais doados.
A autônoma Jéssica de Oliveira, 23, também teve o barraco consumido pelas chamas. Ela não estava na hora, mas chegou a tempo de ver o fogo. O filho mais velho da mulher, de 7 anos, dormia no local e acordou assustado com a movimentação de pessoas saindo assustadas.
“Todos os meus três filhos estão traumatizados. O mais velho viu os brinquedos e a bicicleta se queimando. Agora, no abrigo, estou tentando fazer com que eles se distraiam, mas estão muito traumatizados”, afirmou a trabalhadora autônoma. “Vamos ter que renascer das cinzas”, acrescentou.
Ela também está no ginásio do Tatuzão com os filhos pequenos, onde estão várias outras famílias. Após a campanha do Metrópoles, muitas doações já chegaram ao local devido à comoção popular, dizem as moradoras do Núcleo Rural Monjolo. “Estamos precisamos de muita coisa. Chinelos, roupas e alimentos principalmente”, lembra Karine Nunes roupas.
“O combate ao incêndio durou em média duas horas. Após esse tempo, iniciou-se o trabalho de rescaldo”, destacou trecho do boletim de ocorrência enviado pelos bombeiros.
O GDF apresentou ao Metrópoles, na noite de domingo (12/05/2019), relatório parcial das ações de órgãos públicos envolvidos no atendimento às 30 famílias que perderam tudo após incêndio em barracos no Núcleo Rural Monjolo. Os atingidos eram moradores da invasão localizada na região do Recanto das Emas, onde a ocorrência foi registrada na madrugada do Dia das Mães.
De acordo com o Palácio do Buriti, todas as vítimas do incidente foram cadastradas pela Secretaria de Desenvolvimento Social e receberam 80 cestas básicas. Ainda conforme o GDF, o Benefício Eventual, nos moldes do Aluguel Social, passará a ser disponibilizado já na manhã desta segunda-feira (13/05/2019). O programa garante de R$ 480 a R$ 600 mensais para ajudar nas despesas em casos de perda inesperada de moradia.
O governo local informou, também, que as corporações que integram a Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF) garantiram apoio à ação para evitar danos maiores. “A SSP nos apoiou em tudo, com pronta resposta e, graças à atuação efetiva dos bombeiros, não foi uma tragédia em larga escala. Precisamos avançar no comitê sobre as remoções em ocupações de risco”, registrou o balanço parcial. A área é considerada uma invasão.
Os gabinetes do governador Ibaneis Rocha (MDB), do vice Paco Britto (Avante) e da Casa Civil do DF coordenaram a força-tarefa. Nesta segunda-feira (13/05/2019), o titular do Palácio do Buriti deve se reunir com secretários para reavaliar a situação das famílias prejudicadas pelo fogo.