A Polícia Civil cumpriu um mandado de prisão contra o policial militar Carlos Eduardo Lopes Vidal, acusado de matar o jovem Ithallo Matias Gomes, 20 anos, em uma boate no Itapoã. O crime ocorreu no dia 28 de junho, após o PM se envolver em uma briga generalizada e atirar. Ithallo não participava da confusão, mas acabou atingido. O praça se entregou na 6ª Delegacia de Polícia, na noite desta sexta-feira (26/07/2019).
No dia do crime, o PM se apresentou espontaneamente, foi ouvido e teve a arma apreendida. Argumentou, na ocasião, que reagiu a uma tentativa de roubo. No entanto, a testemunha-chave do caso, que teria tido envolvimento com o policial, afirma que um mal-entendido teria resultado na confusão. Segundo a jovem, o policial recebeu um soco no rosto, oportunidade em que reagiu dando um tiro que teria acertado Ithallo.
Logo após ser atingido, Ithallo deu entrada no Hospital Regional do Paranoá, mas não resistiu aos ferimentos. O rapaz trabalhava como mecânico e pintor e não tinha passagens pela polícia. Uma mulher contou que a vítima morava de favor na casa dela, na Quadra 1 do Condomínio Entre Lagos.
A família de Ithallo acredita que o rapaz morreu porque estava no lugar errado e na hora errada. “Quando cheguei à unidade de saúde, os funcionários disseram que o policial havia se envolvido em uma confusão com outra pessoa. Nós não sabemos ao certo. Ele, então, teria recebido um murro de outro rapaz e o óculos dele caiu. Nesse momento, o PM sacou a arma para atirar no agressor e o tiro acertou no Ithallo”, narra o primo da vítima, que pediu para ter identidade preservada.
Policial que matou jovem em boate no DF se entrega em delegacia
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Versão do PM
Na delegacia, o PM contou ser lotado no 20º Batalhão da PMDF, no Gama, há três meses. Afirmou ainda ter chegado sozinho ao estabelecimento, por volta das 21h de 27 de junho, e permaneceu na boate até a 1h de sexta. Nesse período, segundo relatou, fez uso de bebida alcoólica, mas de forma moderada.
Informou que se preparava para ir embora, quando um homem se aproximou e teria tentado roubar sua arma, que estava na cintura. Ele reagiu e segurou a mão do rapaz. Aos policiais, garantiu que o jovem teria conseguido pegar a pistola dele. Enquanto ambos puxavam a arma, ela teria disparado, contou o integrante da Polícia Militar.
O segundo-sargento disse não ter certeza de quem acionou o gatilho. Houve pânico e gritaria na casa noturna. Em seguida, o policial foi para a 6ª DP a fim de comunicar o fato. Acrescentou que, até a chegada à delegacia, não sabia se Ithallo havia sido atingido.
Versão da testemunha-chave
Apontada pela polícia como testemunha-chave, uma mulher contou na DP que chegou à casa noturna com amigos. Em seguida, Carlos Eduardo teria aparecido na boate com dois colegas. Ao se aproximar para cumprimentá-la, os rapazes que estavam com ela acharam que o PM “estava dando em cima” da mulher. Iniciou-se uma confusão entre eles, com empurrões e puxões de camisetas por parte de ambos os grupos.
Um dos rapazes teria dado um soco no rosto de Carlos Eduardo, derrubando os óculos de grau do PM. Em seguida, houve confusão generalizada no estabelecimento. De acordo com a testemunha, o segundo-sargento avançou sobre o agressor e fez um disparo. A testemunha disse não ter visto no momento se o tiro havia acertado alguém. Pontuou que, logo depois da desavença, se deparou com a vítima, que estava ferida, encostada na parede, com sangue no pescoço. Porém, ela garante que não conhecia Ithallo e que ele não estava em seu grupo.