Sorocaba tem 3 mil profissionais, média de 4,2 por mil habitantes

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Sorocaba tem 3 mil profissionais, média de 4,2 por mil habitantes
Melhora do SUS como sistema de atendimento é uma reivindicação dos médicos. Crédito da foto: Emidio Marques (17/10/2019)

 

O Brasil tem o maior sistema público de saúde do mundo, só que não está de fato implementado. Para que atenda ao que se propõe, teria de ter mais médicos atuando no Sistema Único de Saúde (SUS). Esse é um dos desafios da profissão para os próximos anos, conforme aponta o presidente do Sindicato dos Médicos de Sorocaba e Região, o médico Eduardo Luis Cruells Vieira. “Isso que acontece não é por falta de médicos”, ressalta.

Enquanto a Organização Mundial de Saúde (OMS) preconiza como parâmetro ideal de atenção à saúde da população a relação de um médico para cada mil habitantes, o Brasil tem 2,18 médicos por mil habitantes. Só que estão mal distribuídos. Em algumas capitais brasileiras — Vitória, no Espírito Santo, por exemplo — existem 12 médicos por mil habitantes.

No outro extremo, no interior das regiões Norte e Nordeste, há menos de um médico por mil habitantes. O Sudeste tem 2,81, contra 1,16 no Norte e 1,41 no Nordeste.

Em Sorocaba

Com relação a Sorocaba, a cidade está muito bem com relação ao número de médicos, pois conta atualmente com 3.010 profissionais para atender uma população de 670 mil habitantes. Isso significa que a cidade tem 4,42 médicos por mil habitantes, acima do que é preconizado pela OMS.

Os dados fazem parte da quarta edição da pesquisa Demografia Médica no Brasil 2018, feita pela Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) com apoio do Conselho Federal de Medicina (CFM) e o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp).

Conforme o presidente do Sindicato dos Médicos, a maioria dos profissionais acaba tendo de trabalhar para a iniciativa privada. “Não existe a priorização de melhora do SUS. A população é sub-atendida, então o grande desafio da medicina hoje é tornar o SUS cada vez mais real.”

Na avaliação de Eduardo Vieira, outro desafio é o número crescente de profissionais no mercado de trabalho. Na opinião dele, a multiplicação das escolas médicas ao longo dos anos tem causado queda na qualidade do ensino e um crescimento exagerado do número de médicos no País.

Até o final de 2017, o Brasil contava com 289 cursos de medicina autorizados. “Além disso tem muitos brasileiros se formando no exterior”, disse. Para ele, é fundamental que os formandos (não apenas os de fora) como os daqui, comprovem sua capacidade técnica por meio de exames de aptidão.

Um deles é o Revalida, aplicado para quem estudou no exterior, mas Eduardo Vieira defende uma avaliação dos que estão se formando no Brasil. Hoje essa avaliação já existe, é realizada para os formandos, mas não é obrigatória e nem impeditiva de exercer a profissão, tampouco pode ter seus resultados divulgados.

Vale apenas para medir a qualidade dos cursos. E conforme Eduardo Vieira, a formação é deficitária. “Deveria ter uma avaliação determinante no sentido de reprovar e punir as escolas, mas isso a gente não consegue na prática.”

O que ele gostaria é que existisse um exame aos moldes de uma OAB. “Para exercer a profissão, teria de passar nesse exame”, defende. “A medicina lida com vidas, isso é de uma responsabilidade tão grande que a gente tem lutado pra que possam comprovar essa capacidade.”

Sindicato teme a ‘uberização’ da medicina

Sorocaba tem 3 mil profissionais, média de 4,2 por mil habitantes
Eduardo Vieira defende avaliação de escolas e médicos formados. Crédito da foto: Arquivo JCS

 

Em cinco anos, de 2013 a 2018, o total de médicos no Brasil cresceu 21,03%, conforme o Conselho Federal de Medicina (CFM). Na avaliação do CFM, se comparado com as estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o porcentual de crescimento da população médica foi 5,4 vezes maior do que o de crescimento da população em geral, que ficou em 3,7%.

Nos últimos cinco anos, o País ganhou mais 7.462.186 habitantes, passando de 201.032.714 (em 2013) para 208.494.900 (em 2018).

Eduardo Vieira, presidente do Sindicato dos Médicos, teme que todo esse aumento no número de profissionais cause o que chamou de “uberização” da profissão.

“Pode acontecer no futuro, que tenha médicos ganhando pouco ou sem emprego. O que a gente teme é que o médico seja chamado para fazer atendimento em local específico, com vínculo mínimo, como tem acontecido com outras profissões.”

Para o presidente do sindicato, se isso acontecer será uma tragédia para a medicina, pois o paciente também não terá um acompanhamento de um único profissional.

Apesar dos desafios que vêm pela frente, Eduardo Vieira afirma que essa é uma profissão pela qual tem orgulho de exercer porque lida com o ser humano, sobretudo no relacionamento humano. (Daniela Jacinto)

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