Falta de seta gerou mais de 680 multas este ano em Sorocaba

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Falta de seta gerou mais de 680 multas este ano
Na região central o uso da seta é feito pela minoria, colocando em risco os pedestres. Crédito da foto: Fábio Rogério (22/10/2019)

 

A aplicação de multa por infração de trânsito contra motoristas que deixam de indicar com antecedência, mediante gesto regulamentar de braço ou luz indicadora de direção do veículo, o famoso ato de “dar seta”, é a maior dos últimos 10 anos em Sorocaba. O recorde anterior era do ano passado. Entretanto, os registros deste ano, repassados pela Urbes — Trânsito e Transporte em 18 de outubro, já superam os números de 2018 em 32%.

Conforme o levantamento feito pela Urbes, que é a empresa que gerencia o transporte e o trânsito em Sorocaba, a pedido do Cruzeiro do Sul, o aumento, se forem considerados os dados de 2009, foi de 343%. Em números, foram 154 infrações registradas naquele ano, contra 682 da parcial deste ano, até outubro.

Com relações as outras modalidades, todas apresentaram aumento se for considerado 2009. No caso de parar sem sinalizar, por exemplo, nenhuma infração do tipo foi registrada há dez anos. Esse ano já foram 13. No caso de mudança de faixa sem sinalização, somente este ano foram registradas 124 infrações.

O número é menor que no ano passado, quando o registro foi de 170 infrações. Em 2009, foram apenas 39 infrações. Colocar o veículo em movimento sem sinalizar resultou em 10 multas neste ano. No ano passado foram 18 e em 2009 apenas duas.

Sem novidade

Somando todas as modalidades em que motoristas não dão seta, o número de infrações aumentou 16% até 18 de outubro deste ano com relação a todo o ano passado. Foram 829 multas, contra 714.

Pelas ruas de Sorocaba é fácil constatar que a “desatenção” dos motoristas é algo corriqueiro e que os números da Urbes mostram apenas uma parte do problema. A reportagem do Cruzeiro do Sul percorreu nesta terça-feira (22) algumas ruas da cidade, incluindo o Centro, e diversos flagrantes foram registrados.

Na Padre Luis, por exemplo, em um dos momentos em que o semáforo abriu, dos 11 veículos que acessaram outra via, apenas quatro sinalizaram. Nenhum dos quatro motociclistas que também fizeram a mudança sinalizou a intenção.

A situação, que já virou “meme” e alvo até de páginas de humor na Internet, não é novidade para o taxista José Raimundo, que está na profissão há 30 anos. Novidade, segundo ele, é alguém usando a seta. “Toda hora tem isso. Quase ninguém usa”, diz. “Aí, quando tem um que dá seta, a gente se pergunta: será que ele esqueceu, ligou por engano?”, brinca.

“É uma realidade, de fato”, comenta o motorista por aplicativo Vitor Hugo Guidolin, que percorre cerca de 200 quilômetros por dia. “O motorista de Sorocaba é extremamente mal educado. É perigoso para todo mundo”, lembra. “É um fator complicador”, opina Guidolin. “O motorista precisa ter concentração. Não dá para dirigir e ficar pensando em outra coisa”, conclui.

Cultural

“Deixar de utilizar as luzes indicadoras de direção, as chamadas setas, parece algo da cultura do brasileiro”, lembra o especialista em trânsito, mobilidade e segurança, e também colunista do quadro Mobilidade Urbana da Cruzeiro FM 92,3, Renato Campestrini.

Ele afirma que a colisão lateral entre motocicletas e demais veículos, durante o uso do chamado corredor, é uma das principais causas de óbitos de motociclistas. “Muitos desses acidentes acontecem em razão da falta de sinalização de mudança de faixas”, diz. “É algo sério, pois quando o condutor deixa de sinalizar uma conversão, um retorno, uma mudança de faixa, o risco de um acidente é alto”, alerta.

“Para o pedestre também o risco é acentuado, em especial nas mudanças de direção em esquinas, quando o condutor não sinaliza antecipadamente e um atropelamento pode vir a ocorrer”, acrescenta. “É preciso que os condutores tenham um pouco mais de atenção, sinalizem de forma antecipada os movimentos, não só para evitar autuações, mas para evitar acidentes”, conclui.

Urbes

Conforme a Urbes, são realizadas campanhas frequentes de conscientização na cidade. “O setor de Educação para o Trânsito realiza ações para conscientizar os condutores sobre a importância de dirigir com atenção, responsabilidade, cuidado e gentileza, a fim de que vidas sejam preservadas”.

Vale lembrar que deixar de indicar com antecedência, com braço ou a seta, o início da marcha, a realização da manobra de parar o veículo, a mudança de direção ou de faixa de circulação, rende multa de R$ 195,23, e cinco pontos na carteira de habilitação. A infração é considerada grave. (Marcel Scinocca)

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